Volta às aulas: como proteger as crianças contra doenças e manter o sistema imunológico forte

Ano novo, doença nova. Pelo menos essa costuma ser a realidade de pais e filhos na volta às aulas. Afinal, após um longo período de férias, é hora da euforia se transformar em realidade com o retorno à escola e o reencontro das crianças com os amigos e professores

Contudo, se por um lado esse retorno significa a volta à rotina para os pais, por outro lado há também preocupação. Afinal, é nesse retorno que frequentemente as crianças acabam adoecendo com maior facilidade no que diz respeito a doenças contagiosas.

Mas por que isso acontece? Existe uma forma de evitar o contágio na volta às aulas? Como fortalecer o sistema imunológico das crianças? De acordo com Delmir Rodrigues, endocrinologista e nutrologista pediátrico e do adolescente do Hospital Anchieta, manter o corpo hidratado e fazer visitas periódicas ao médico para acompanhar a saúde são algumas das medidas que ajudam a prevenir doenças no início do ano letivo

Conheça, a seguir, outras prevenções eficientes e dicas valiosas para manter sua criança saudável.

Por que é comum o surgimento de doença na volta às aulas?

Em primeiro lugar, com o retorno às aulas as crianças são expostas a um número maior de pessoas. Isso porque, durante as férias, o contato com outras crianças e adultos é mais limitado e filtrado pelos pais. Com a socialização, é maior a probabilidade de adquirir doenças oportunistas, especialmente as infecciosas –  doenças causadas por microrganismos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas, que se multiplicam no corpo e causam lesões.

Crianças compartilham objetos, brincam juntas, mas ainda estão criando noção de higiene e têm o sistema imunológico em desenvolvimento. Todos esses fatores, juntos, contribuem para a maior disseminação de vírus e bactérias.

Segundo o endocrinologista, é comum no período de férias as crianças e adolescentes terem uma rotina diferente a do período escola, o que pode resultar em alterações no sistema imunológico no início do ano letivo. Por isso, é importante que, uma semana antes da volta às aulas, haja um processo de readaptação em relação quanto aos horários e ajustar o período de sono.

Como se prevenir de viroses e doenças infecciosas na escola?

Existem algumas formas de diminuir a chance de contágio na volta às aulas. Nas escolas e em casa, é fundamental que haja o estímulo e a orientação para higienização correta das mãos. Outro ponto importante é que a escola ofereça espaços adequados, com boa iluminação e arejados.

Confira, a seguir, as principais dicas do especialista:

– Lavar as mãos antes e após usar o banheiro;

– Lavar as mãos antes e depois das refeições;

– Higienizar as mãos com álcool em gel, sempre que necessário;

– Ao tossir ou espirrar, tentar cobrir a boca ou nariz com o antebraço para evitar disseminar partículas no ar;

– Evitar roer as unhas e levar as mãos à boca;

– Manter a vacinação em dia.

Como os pais podem proteger os filhos?

De acordo com Rodrigues, o papel dos pais na proteção à saúde dos filhos é fundamental. Uma das principais medidas é manter uma alimentação balanceada e adequada à idade, rica em todos os nutrientes e que priorize a hidratação. “É importante consultar um pediatra antecipadamente, para avaliação da saúde da criança, assim como um dentista. Atente-se para a atualização do cartão de vacinas e, caso o filho esteja doente, comunique a escola e adie o retorno, evitando a exposição de outras crianças com quem seu filho divide o mesmo ambiente”, completa.

Alimentação e sistema imunológico: qual a rotina adequada?

Não existe receita de bolo. Ou seja, não há alimentos específicos que garantam a melhora da imunidade dos pequenos. Assim, recomenda-se uma dieta balanceada, com muitas frutas, legumes, cereais, proteína, laticínios e muita hidratação. Evite alimentos industrializados em excesso.

Além da alimentação, é importante que a criança tenha uma rotina de sono e exercícios físicos adequada. Afinal, inúmeros fatores influenciam na saúde e bem-estar do corpo.

A importância da vacinação

A imunização é uma das formas mais importantes de proteger a saúde das crianças. Afinal, não temos como prever como cada um vai reagir a uma infecção, mas imunizar reduz os riscos ao preparar o corpo para combater a doença e diminuir os riscos de complicações.

Para saber quais vacinas são indicadas para as crianças em cada período e faixa etária, é fundamental que haja acompanhamento pediátrico e atenção à carteirinha de vacinação da criança. O site do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) trazem informações valiosas sobre vacinas e faixa etária.

Saiba mais detalhes sobre a vacinação das crianças. Leia também: Volta às aulas: vacinação e cuidados redobrados contra doenças respiratórias

Dicas para pais de primeira viagem

Como o desenvolvimento da imunidade do ser humano se completa apenas no final da primeira da infância, o contato muito precoce com ambientes e aglomerações pode propiciar uma incidência maior de doenças. “Atente-se para os sinais de gravidade, como: tosse produtiva, febre de difícil controle, vômitos e diarreia – quando há risco de desidratação. Sempre que necessário, procure atendimento do pediatra”, ressalta o endocrinologista do Hospital Anchieta.

Ainda assim, apesar de parecer lógico, evitar exposição a microorganismos isolando a criança não é a melhor solução. Nas últimas décadas chegou a ser propagada a “Teoria da Higiene“ – que ganhou força nos anos de 1970 e 1980 e pela qual acreditava-se que quanto menos exposição a um ambiente com micro-organismos em excesso, a criança ficaria menos doente. 

Contudo, a teoria caiu por terra com o avanço das ciências médicas. Hoje, os estudos mostram que a relação entre microbiota e saúde é mais complexa do que se pensava e, em muitos casos, essa exposição é benéfica, desde que não seja excessiva. Afinal, essa exposição contribui para o desenvolvimento adequado da imunidade, evitando doenças graves.

Ou seja, se você é pai, mãe ou responsável de primeira viagem, preocupe-se sim com a higiene (mas sem excessos), investindo em bons hábitos no dia a dia e garantindo a vacinação correta da criança. 

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