Mioma uterino: entenda causas, sintomas e tratamentos – Mais de 41 mil mulheres deixaram de trabalhar por causa do problema

Sangramento prolongado e dores são os sintomas mais comuns para quem tem este tipo de tumor, que é benigno, e pode ser tratado com cirurgia

Mais de 41 mil mulheres foram afastadas dos seus postos de trabalho em 2023 devido a mioma uterino, um tipo de tumor não canceroso que ocorre quando as células do útero se multiplicam desordenadamente. O dado é do Ministério da Previdência Social e representa a terceira causa de afastamentos em geral no ano passado, atrás de hérnia e dor lombar baixa.

Segundo Fábio Marcelo Martins Vara, ginecologista e obstetra com atuação em videolaparoscopia e histeroscopia no Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, o mioma (ou leiomioma) é o tipo mais comum de neoplasia pélvica em mulheres. Eles podem ser classificados como submucosos, quando estão total ou parcialmente localizados no interior da cavidade uterina; intramurais, quando estão no miométrio (camada intermediária do útero, formada por musculatura lisa), e subserosos, quando estão na parte externa do miométrio, de acordo com o especialista.

Sintomas e sinais de mioma

Os sintomas que afetam a vida das pacientes, segundo o ginecologista, são sangramentos intensos e prolongados – o que pode levar à anemia – e fortes dores abdominais que, dependendo da intensidade, podem incapacitar mulheres de exercerem suas atividades cotidianas.

Para minimizar os sintomas, Vara cita o uso de contraceptivos combinados (com progesterona e estrogênio), contraceptivos progestágenos (só progesterona), implantação de DIU de levonorgestrel (um tipo de progesterona sintética), ácido tranexâmico (um remédio não hormonal que pode ser injetado ou tomado via oral para ajudar na coagulação do sangue e controle do sangramento), e uso anti-inflamatórios não hormonais.

Apesar dos desconfortos, os miomas são benignos e que raramente se tornam um câncer. Ainda não há clareza na medicina sobre as causas dos miomas, segundo Vara, mas são considerados fatores relacionados anormalidades da musculatura uterina, desregulações moleculares para fatores angiogênicos – ou seja, que levam à formação de novos vasos sanguíneos –, fatores hereditários, menarca precoce, alto consumo de carne vermelha aliado à baixa ingestão de verduras, consumo de álcool, diabete mellitus 2 ou hipertensão arterial.

Por isso, é difícil prevenir a formação de um mioma, mas mudanças de estilo de vida podem contribuir para diminuir os fatores de risco e para o controle, segundo Vara.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito por meio de uma ultrassonografia do útero. Como a maioria dos miomas são benignos, muitos casos acabam não precisando de intervenção cirúrgica durante toda a vida da paciente.

Mas, dependendo da gravidade e do tamanho do mioma, o tratamento recomendado é a cirurgia para a retirada das células. O especialista alerta que, neste caso, é preciso ponderar se a intervenção não será mais agressiva ao órgão do que o próprio mioma. Segundo Vara, há mulheres adiam a cirurgia por se tratar de um tumor benigno, e outras conseguem tolerar os sintomas.

No caso de intervenção cirúrgica, há um fator importante a ser considerado: quem tem mioma tem tendência a recidivas, ou seja, à formação de novos tumores ao longo da vida. E, segundo Vara, dentro de um período de 5 anos, estima-se que isso acontece em 10 a 20% dos casos.

Mioma X fertilidade

Uma das principais preocupações de mulheres com mioma é se a fertilidade será comprometida. Segundo Vara, a fertilidade só fica comprometida se o mioma estiver localizado próximo à tuba uterina.

Mas, mesmo com a fertilidade garantida, a localização e tamanho do mioma podem comprometer o útero em caso de gestação, levando ao risco de aborto e trabalho  de parto prematuro. Por isso, é preciso uma avaliação médica criteriosa para avaliar se há indicação de cirurgia para retirada das células antes da gravidez.

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