Grande volume de chuva no verão acende alerta para doenças ligadas às enchentes e à proliferação de mosquitos

É preciso ficar atento aos sintomas, em especial aos da dengue

A previsão de temporais para o início de fevereiro nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), acende o alerta para a prevenção de doenças causadas pela chuva no verão – seja por água suja das enchentes ou pela proliferação de mosquitos que se reproduzem em águas acumuladas após as tempestades.

A recomendação é ficar atento aos sintomas relacionados à dengue, zika, chikungunya, leptospirose, hepatite A, doença diarreica aguda, entre outras.

A dengue é a doença que mais chama a atenção neste início de ano. Foram mais de 240 mil casos suspeitos registrados em janeiro, mais do que o dobro do acumulado no mesmo período do ano passado, com mais de 90 mil. Há 163 mortes em investigação e 24 confirmadas. 

A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. O aumento de casos neste ano se deve ao calor e chuva intensos e ao ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 da dengue, que circulam ao lado dos sorotipos 1 e 2. Normalmente, a dengue tem prevalência de um ou dois sorotipos, e é incomum ocorrerem quatro ao mesmo tempo, segundo o Ministério da Saúde.

Os sintomas são febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. Para frear a proliferação de casos, o Ministério da Saúde incorporou ao SUS (Sistema Único de Saúde) a vacina Qdenga, imunizante contra a doença fabricado no Japão. A vacinação deve contemplar um público restrito porque as doses ainda são limitadas. O público-alvo inicial são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de 521 cidades de 16 estados do país. Ao todo serão duas doses, com intervalo de três meses entre elas.

Outras doenças transmitidas  pela fêmea do Aedes aegypt são chikungunya e zika. A chikungunya tem uma fase febril ou aguda que dura de 5 a 14 dias. Os sintomas são febre, dor nas articulações, nas costas, dores musculares, manchas vermelhas pelo corpo, coceira na pele, dor de cabeça e atrás dos olhos, náuseas e vômitos, dor de garganta, calafrio e diarreia. Há 12.838 casos em investigação e 11 mortes suspeitas, sendo três confirmadas somente neste ano. 

A infecção pelo vírus da zika pode ser sintomática em 50% dos casos. Os sintomas mais comuns são febre baixa (38,5ºC) ou ausente, conjuntivite sem pus, dor de cabeça e nas articulações. O problema da doença é que ela pode apresentar complicações neurológicas, como a Síndrome de Guillain-Barré (quando o sistema imunológico ataca os nervos periféricos) e a microcefalia em bebês com mães contaminadas. Segundo o Ministério da Saúde, há 105 casos prováveis em investigação em todo o país.

“A prevenção é o principal meio de evitar essas doenças. A gente tem que eliminar qualquer foco de água parada em nossas casas e ao redor da residência para evitar a procriação do mosquito Aedes aegypti. Outra maneira é usar repelentes e instalar telas nas janelas, afirma Sara Mohrbacher, clínica geral do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Além das doenças transmitidas por mosquitos, o verão traz também o risco de contaminação pela água suja de enchentes. Entre elas estão a leptospirose, a hepatite A e as diarreias agudas.

Para evitá-las, Mohrbacher recomenda o uso de equipamentos de proteção caso seja preciso atravessar um local alagado com água possivelmente contaminada. “Use sapatos emborrachados e botas para evitar o contato da nossa pele e das mãos com essa água”, afirma.

Saiba mais sobre estas doenças:

Leptospirose

É transmitida pela água contaminada com urina de animais, especialmente ratos, infectados pela bactéria Leptospira. A penetração na pele ocorre por meio de lesões, mucosas ou na pele íntegra que foi imersa em água contaminada por longos períodos. Os sintomas são febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas panturrilhas), falta de apetite, náuseas e vômitos. É possível que eles se manifestem de 1 a 30 dias após o contato com a bactéria, mas em geral ocorrem de 7 a 14 dias após a exposição. A recomendação é que a pessoa não se automedique e procure atendimento médico para que um profissional indique o tratamento com antibióticos. Em 2023 foram registrados 2.711 casos no país, com 236 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde.

Hepatite A

Também chamada de hepatite infecciosa, é transmitida pelo contato de fezes com a boca, o que pode acontecer com alimentos contaminados por águas sujas de enchentes, entre outras formas. Os sintomas são de difícil diagnóstico, porque a hepatite A causa fadiga, mal-estar, febre e dores musculares, seguidos ou não de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. É possível que a urina fique escura e a pessoa, amarelada. Os sintomas aparecem de 15 a 50 dias após a infecção. Não há tratamento específico para a doença. A vacinação é a maneira mais segura de prevenir a hepatite. Outros cuidados são evitar o contato com água suja, lavar as mãos, os alimentos, cozinhar bem as comidas, lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras. 

Doenças diarreicas agudas 

São causadas por uma infecção gastrointestinal, que podem ser provocadas por bactérias, vírus ou parasitas. Em casos de inundações ou enchentes, é possível que os contaminantes se dispersem. Quem é afetado observa aumento de evacuações no dia com fezes de consistência aquosa. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. Se não tratadas, essas diarréias podem levar à desidratação grave e até à morte.

Veja algumas dicas para preservar a saúde em caso de enchente.

Confira o painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde.

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