Sistema de saúde se reorganiza com base em legado da pandemia

Enfrentamento da emergência trouxe conhecimentos importantes sobre gestão, jornada assistencial e relacionamentos

Na última terça-feira (13), o projeto Anahp AO VIVO – Jornadas Digitais, da Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp, debateu a Reorganização das instituições de saúde e enfrentamento das sequelas da Covid-19. Os especialistas presentes destacaram que a pandemia foi o maior desafio já enfrentado pelas organizações de saúde no país e que, passado o pior, é hora de arrumar a casa com base no legado, negativo e positivo, do período.

Para Fernando Torelly, CEO do Hcor, os hospitais chegaram ao limite e os indicadores de 2020, 21 e 22 não servem de parâmetro para um planejamento operacional em condições normais. “Não é possível fazer o orçamento de 2023 com base nos números desses anos. Vamos ter que voltar a 2019, que já está muito distante”, avaliou. Por outro lado, destacou que o conhecimento produzido e a mudança de postura nas pessoas vão colaborar na reconstrução. “Nos tornamos mais empáticos. Hoje temos orgulho dos concorrentes e aprendemos a trabalhar de forma colaborativa com o compartilhamento de conhecimento”.

Milene Silva Ferreira, gerente médica de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein, destacou que algumas das soluções surgidas durante a emergência mostraram-se uma evolução a ser incorporada na prática habitual. Na reabilitação, por exemplo, citou o atendimento remoto e domiciliar, além da separação das unidades por grau de complexidade. “Hoje temos um modelo híbrido, com jornada fluída e atenção multidisciplinar, que torna a assistência mais coerente”, revelou.

Felipe Salvador, diretor médico da Rede Mater Dei de Saúde, lembrou que a pandemia produziu “gargalos por todos os lados”, com falta generalizada de insumos, e que a dificuldade obrigou uma acelerada revisão dos processos de abastecimento. “Aperfeiçoamos a gestão dos materiais principalmente com mais agilidade e qualidade nas informações, permitindo antecipar as situações”, explicou. Ele também ressaltou que a instituição aprendeu a se comunicar melhor com os pacientes fora do ambiente hospitalar “fazendo gestão à distância” de quadros crônicos.

Antonio da Silva Bastos Neto, diretor-executivo médico no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, apontou a necessidade de tomar decisões rápidas como um dos principais ensinamentos do período vivido. “Temos que dar mais autonomia para as lideranças tomarem a iniciativa, em um modelo sem protagonismo”, sugeriu. Acrescentou a importância de simular situações de pressão, testando fluxos e capacitando as pessoas. E, principalmente, aumentar o cuidado preventivo de “quem cuida”. “Nossos maiores ativos são os colaboradores”, afirmou.

Torelly, do Hcor, ressaltou que todo esse conhecimento tem que ser democratizado. “O aprimoramento da qualidade nos serviços não é sistêmico e nós temos que mudar essa realidade com o compartilhamento de informações. Espero que um dia o governo convide as nossas organizações para colaborar com o nosso conhecimento na construção das políticas públicas”, finalizou.


Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate Reorganização das instituições de saúde e enfrentamento das sequelas da Covid-19 aconteceu dentro projeto Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais que, em setembro, traz o tema Melhores Práticas. Este encontro teve a participação de Antonio da Silva Bastos Neto, diretor-executivo médico no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Felipe Salvador, diretor médico da Rede Mater Dei de Saúde, e Milene Silva Ferreira, gerente médica de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein. A moderação foi feita por Fernando Torelly, CEO do Hcor.

O “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais”, é uma série de eventos online, temáticos e gratuitos, que semanalmente, dentro de um mês, reúne especialistas para debates relevantes para o setor saúde. O próximo encontro no dia 20 de setembro, às 10h, vai discutir os Modelos de remuneração baseados em valor: cases práticos. Inscreva-se aqui.

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