Líderes devem atuar para reforçar os vínculos com os profissionais, estimular o desenvolvimento de novas competências e criar ambientes acolhedores para as pessoas
O Anahp Ao Vivo – Jornada Digital de junho, que está abordando os desafios das lideranças na saúde em quatro encontros até o final do mês, teve o seu primeiro debate nesta quinta-feira (07). As especialistas convidadas discutiram o tema “Crise global dos trabalhadores da saúde e o papel das lideranças”. A moderadora Vania Rohsig, superintendente assistencial e de Educação no Hospital Moinhos de Vento, abriu a conversa partindo do princípio que o mundo mudou e isso reflete nas relações de trabalho, e disse que os líderes “têm a oportunidade de fazer diferente” desde que estejam preparados para atuar nesse novo ambiente.
De fato, Luiza Mattos, sócia na Bain & Company, apresentou um estudo confirmando um cenário inédito de escassez e má distribuição dos profissionais, além de queda na satisfação, burnout e ausência de competências atualizadas. “Temos que pensar onde e como vamos recrutar, atrair mais talentos para a saúde, criar ambientes mais saudáveis e trabalhar de maneira mais eficiente com equipes multidisciplinares”, resumiu. Para ela, o foco deve estar em garantir que o trabalho seja executado pelas pessoas certas nos lugares certos, de forma que realmente gere valor.
Ligia Mathias, coordenadora da Anestesia na Promatre Paulista e diretora da Faculdade Santa Joana, falou especificamente sobre os médicos e destacou que a pandemia foi um período muito sofrido e que as consequências perduram. “O futuro ficou mais ‘curto’ no pós-Covid, então eles estão mais atentos à qualidade de vida, buscam jornadas mais curtas e se tornaram menos fidelizados aos hospitais”, avaliou. Ela também citou a terceirização como um fator que enfraqueceu os laços dos profissionais com as organizações. “Precisamos, como lideranças, restabelecer o vínculo com os médicos”, afirmou.
Ana Lucia Abrahão, superintendente assistencial no Hcor, concordou que a prática fica muito mais complicada sem médicos fidelizados e acrescentou que o fenômeno está afetando praticamente toda a assistência multidisciplinar. “Antigamente, enfermeiros ficavam 20 anos no hospital. Hoje, ficam 7”, exemplificou. E disse que entre as dificuldades enfrentadas está conseguir atrair novos profissionais e renovar as equipes. “Já está subentendido que em hospital se trabalha demais”, disse.
Abrahão também alertou para a falta de atualização das habilidades profissionais. “Faltam soft skills para lidar com os desafios atuais na saúde”, advertiu, dando o exemplo de processos seletivos com mais de 80 candidatos em que menos de 10% se mostram realmente preparados para as funções. “Chegou a hora da intervenção de uma liderança transformadora, preparada para inspirar o desenvolvimento profissional, para a escuta ativa e para construir ambientes mais acolhedores para as pessoas que trabalham na organização. Só assim vamos começar a resolver o problema”, finalizou.
Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate “Crise global dos trabalhadores da saúde e o papel das lideranças” teve a participação de Luiza Mattos, sócia na Bain & Company, Ana Lucia Abrahão, superintendente assistencial no Hcor, e Ligia Mathias, coordenadora da Anestesia na Promatre Paulista e diretora da Faculdade Santa Joana. A moderação foi feita por Vania Rohsig, superintendente assistencial e de Educação no Hospital Moinhos de Vento.
Assista o debate na íntegra: