Durante a pandemia de Covid-19, muitas famílias estão evitando ir ao pronto-socorro mesmo quando os filhos têm sintomas mais graves. Nestes casos, porém, ficar em casa pode representar um risco maior para a saúde do que ir ao hospital, já que, quando finalmente recebem atendimento, as crianças apresentam um quadro mais avançado, como explica Thales Araújo de Oliveira, supervisor do pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil, um dos maiores e mais respeitados centros de atendimento pediátricos do Brasil.
Segundo registros do hospital, o número de atendimentos na emergência pediátrica aponta para uma queda de 75% no mês de abril. “Sabemos que, com a suspensão das aulas nas escolas, é natural que o número de infecções e traumas seja menor que o usual. Isso, aliado ao baixo número de casos graves de Covid-19 em crianças, justifica, em parte, a queda na procura pelo pronto-socorro pediátrico”, diz Thales. “Porém, as crianças continuam tendo doenças como câncer, diabetes e condições cirúrgicas, como apendicite”, ressalta.
Para garantir a segurança dos pacientes, o Sabará mudou os fluxos de pronto-socorro e separou os casos de crianças com sintomas respiratórios e não respiratórios. Além disso, os funcionários do hospital passam por triagem ao entrarem no trabalho, com verificação de temperatura e resposta a questionário. “Todo esse cuidado e treinamento com os funcionários resulta também em mais segurança aos nossos pacientes”, afirma Thales.
Para ajudar a orientar as famílias, o supervisor do pronto-socorro do Sabará lista os sintomas que indicam a necessidade de procurar atendimento médico. “Se seu filho ou filha apresentar qualquer um desses sintomas, não hesite em ir ao hospital”.
- Recém-nascido ou bebê que se encontra prostrado, ausente, com dificuldade respiratória, sucção fraca, com sangue nas fezes ou vomitando em grande quantidade.
- Se ficar roxinho (cianose) ou muito amarelo (recém-nascido com icterícia), ou se tiver febre (acima de 37,8º) ou queda de temperatura (abaixo de 35,5 / 36º).
- Febre persistente por mais de 48h.
- Diarreia: o principal problema é quando a criança fica desidratada. Os sintomas mais comuns da desidratação são lábios e língua seca, diminuição e escurecimento da urina, diminuição da elasticidade da pele, olhos fundos e prostração. Observe também se o problema não vem acompanhado de vômitos persistentes, sangramento ou catarro nas fezes.
- Dor abdominal: persistente ou com piora progressiva; ou súbita e de forte intensidade; acompanhada ou não de vômitos e distensão abdominal.
- Distensão abdominal com interrupção da eliminação de gases/fezes, podendo ter vômito. Vômito ou fezes que apresentam sangue vivo ou borra de café.
- Quadros respiratórios associados a cansaço, chiado no peito e hipoatividade.
- Quadros alérgicos: manchas na pele e coceira associada à dificuldade para respirar, tosse rouca, chiado ou inchaço nos lábios e garganta.
- Intoxicação: sempre vá diretamente ao hospital. Não provoque vômitos e tente pegar o rótulo do produto para o médico ter mais detalhes que poderão ajudar no tratamento.
- Convulsão: procure auxílio médico imediatamente.
- Também é importante estar atendo para o aparecimento de qualquer massa ou tumoração na virilha ou no escroto; aumento, vermelhidão ou dor testicular; ingestão de corpos estranhos e também a casos de fimose infeccionada ou acompanhada de dor.