Se seu filho teve febre, um mal-estar ou se machucou, é preciso ir ao pronto atendimento? Nem sempre. Entenda como identificar sinais importantes de alerta para saber quando é realmente a hora de procurar um hospital

Quem é pai, mãe ou responsável de uma criança já deve ter enfrentado o dilema de levá-la ou não ao pronto-socorro (PS). Afinal, a ida pode ser cansativa por diversos fatores: envolve tempo, espera e desconforto. Além disso, o ambiente cheio e a exposição a outras pessoas doentes podem tornar a visita ainda mais difícil.
Existe, ainda, o impacto coletivo: muita gente indo ao hospital por motivos desnecessários pode sobrecarregar o sistema de saúde, causando ainda mais espera para quem de fato precisa estar lá.
Nem todo problema de saúde exige uma visita ao hospital. Por isso, saber identificar quanto é realmente necessário é fundamental.
Para ajudar, convidamos o chefe do Serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, João Ronaldo Mafalda Krauzer, que compartilha dicas e explica como identificar os sinais importantes.Veja a seguir:
5 problemas de saúde comuns e 5 dicas para saber quando ir ao hospital
Traumas: quando eles são graves?
Quedas e outros traumas são frequentes nas crianças, mas nem sempre são motivo para pânico. Lesões na cabeça, por exemplo, nem sempre são motivo de ida ao hospital, de acordo com Krauzer. Para embasar a decisão, é importante se atentar a alguns sinais: “Observe se houve alteração do nível de consciência, alguma incapacidade de resposta a questionamentos, confusão, irritabilidade crescente, flutuações no estado de alerta e consciência ou vômitos repetidos”.
Outro ponto importante é a pupila. Se ela estiver muito dilatada ou diferente uma da outra, procure atendimento médico. Se a criança estiver bem ativa e brincando, não há motivo para preocupação.
Mas, atenção para dois casos que valem a ida ao pronto-socorro: “Se houver crise convulsiva, é necessário levar à emergência imediatamente”, indica o médico. “Ou se for uma queda grave (como quedas da própria altura)”, destaca.
Queimaduras: quando ir ao hospital?
Queimaduras são comuns em acidentes domésticos, mas o que fazer depende do grau da lesão.
“A primeira coisa que deve ser feita é o resfriamento do local queimado. Colocar sob água corrente, seja uma torneira ou o chuveiro, para resfriar o processo”, orienta Krauzer.
Ele explica que queimaduras de segundo e terceiro grau precisam de tratamento médico. Veja como identificá-las:
- Primeiro grau: superficial e deixa a pele apenas avermelhada, sem bolhas;
- Segundo grau: mais profunda, com bolhas e dor intensa.
- Terceiro grau: mais grave e profunda, que afeta todas as camadas da pele, causando áreas esbranquiçadas.
Mordidas e picadas de animais: e se eu não souber o que picou?
No caso das mordidas de animais domésticos, como cachorros e gatos, primeiro é importante limpar bem a ferida. Se a mordida for grave ou se o animal for desconhecido, leve a criança ao pronto atendimento. “Principalmente se for no rosto, em uma extremidade, ou se tiver perda de substância, é importante levar, pois pode haver necessidade de antibiótico e checagem da carteira vacinal”, alerta o médico.
Porém, se o animal for de casa e for vacinado, e a mordida for leve, apenas observe a criança.
Quanto às picadas de insetos, apesar de ser difícil de identificar o responsável, Krauzer explica que, na maioria dos casos elas não são graves. “Se houver dúvida, é importante que seja avaliado. Mas, na maioria dos casos, basta fazer uma boa higiene do local, usar compressas frias e, se necessário, usar analgésico. Se tiver um anti-alérgico em casa de uso já orientado pelo seu médico, pode ser tomado”, acrescenta.
Febre: quando levar ao pronto-socorro?
A febre por si só já é um sinal de alerta e é importante ficar de olho não apenas na temperatura, mas também na persistência. “Crianças menores de três meses com febre persistente e/ou acima de 38,5° precisam passar por uma avaliação clínica”, diz o pediatra.
Para crianças mais velhas, se a febre não durar muito e não vier acompanhada de outros sintomas graves, como sonolência, cansaço, prostração ou dificuldade de se manter acordado, não há motivo para preocupação.
“A princípio, medique para febre e observe a frequência, se vai ter recorrência a cada duas ou três horas, ou se teve de manhã e depois só de noite”, exemplifica.
Náuseas e vômitos: quando é “normal”?
Estes sintomas também precisam de atenção e, assim como a febre, a frequência deve ser observada.“Se os vômitos forem repetitivos, associado à diarreia ou à dor abdominal mais intensa, é melhor ser encaminhado a um atendimento”, recomenda o pediatra.
O bom senso é sempre bem-vindo
O pediatra reforça que o importante é ter bom senso. Não leve a criança ao hospital por qualquer sintoma leve, mas também não hesite se houver sinais de algo mais sério. “A emergência é um local para quando há algum sinal de descompensação que precise de resolução naquele momento”, conclui.
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