Menos de 2% dos brasileiros doam sangue regularmente. Neste artigo, respondemos às principais dúvidas sobre esse gesto com impactos tão grandes na saúde pública

Você sabia que uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas? Doar é um ato de amor ao próximo e de responsabilidade social. Quem doa está ajudando pessoas que sofreram acidentes, têm doenças crônicas ou passam por procedimentos cirúrgicos.
No entanto, apenas 1,9% da população brasileira tem esse hábito. Segundo o Ministério da Saúde, esse número é insuficiente para suprir a necessidade do país: para que os hemocentros e bancos de sangue estejam com os estoques em dia, o ideal seria que pelo menos 3% da população — ou seja, cerca de 6,5 milhões de pessoas — fizessem a doação de sangue regularmente.
Ter mais informações sobre a doação de sangue é uma das formas de desmistificar — e incentivar — esse gesto. Por isso, separamos algumas curiosidades a respeito. Veja a seguir.
Como o sangue doado é usado?
Após a coleta em um hemocentro, o sangue é centrifugado e tem seus componentes divididos. São eles: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco e crioprecipitado.
Ao contrário do que se pensa, o sangue doado não é usado apenas em acidentes ou complicações cirúrgicas. Ao se tornar doador, você também pode ajudar pessoas em tratamentos contínuos, como em caso de câncer e outras doenças crônicas.
Quais são os requisitos básicos para eu me tornar um doador de sangue?
Estes são os critérios para doar sangue:
- Ter entre 16 e 69 anos. Menores de 18 anos precisam de consentimento dos pais ou responsáveis.
- Pessoas acima de 60 anos só podem doar sangue caso já tenham feito isso antes de completar essa idade.
- Pesar pelo menos 50 kg.
Há algum risco de contrair doenças infecciosas ao doar sangue?
Não. O processo de coleta de sangue é totalmente seguro. Todos os hemocentros utilizam materiais esterilizados e descartáveis.
Estou usando medicamentos. Posso doar sangue?
Depende. Existem orientações específicas de acordo com o medicamento. Segundo a Fundação Hemominas, os medicamentos mais comumente usados (como analgésicos e anticoncepcionais) costumam ser liberados.
Já os antitérmicos podem impedir a doação, não necessariamente pelo princípio ativo, mas pela febre que motivou seu uso.
Por isso, ao chegar a um hemocentro, cada pessoa passa por uma triagem para que o profissional de saúde oriente de forma personalizada. Pessoas que fazem uso contínuo de algum medicamento ou que têm qualquer tipo de doença prolongada também devem consultar seu médico antes.
Posso doar sangue sendo da comunidade LGBTQIAP+?
Sim. Mesmo que, por muitos anos, pessoas LGBTQIAP+ tenham sofrido estigmas por conta de sua sexualidade ou identidade de gênero, Em 12 de junho de 2020, o STF julgou como inconstitucional a proibição de pessoas homossexuais de doarem sangue. A partir disso, foi excluída do questionário de triagem clínica para doação a pergunta sobre relação sexual de homem com outro homem nos últimos 12 meses.
Tive Covid-19. Posso ser doador de sangue?
Sim, segundo o Ministério da Saúde, você pode doar sangue mesmo tendo desenvolvido a Covid-19. As únicas orientações são:
- Fazer a doação pelo menos 10 dias após o fim do período de isolamento;
- Caso tenha tido o tipo mais grave da doença, aguardar mais tempo e buscar orientação médica até que a saúde esteja totalmente restabelecida;
- Se houve internação, o prazo mínimo de espera é de 6 meses.
Tenho tatuagem ou piercings. Posso ser um doador?
Sim. No entanto, é necessário aguardar pelo menos 12 meses após a modificação corporal para seguir com a doação.
A exceção é para quem fez a perfuração em mucosas, como boca ou genitália. Nesse caso, a doação só pode ser feita 12 meses após a retirada da joia.
Quantas vezes por ano eu posso doar sangue?
Pessoas do sexo feminino podem doar até três vezes por ano; do sexo masculino, até quatro vezes.
Como encontrar um hemocentro próximo a mim?
Ainda não existe um cadastro nacional com todos os bancos de sangue e hemocentros do país, mas o REDOME mantém um cadastro com alguns locais.
Junho vermelho: você conhece esse movimento?
Junho é o mês de conscientização e visibilidade da importância da doação de sangue no Brasil. A data foi escolhida porque todo 14 de junho é comemorado o Dia do Doador de Sangue e, também, porque os estoques dos bancos de sangue caem muito em épocas mais frias.
A campanha visa incentivar que mais e mais pessoas incluam a doação de sangue em seu calendário anual.