
O número de idosos no Brasil deve ultrapassar o de crianças em 2030, de acordo com o Ministério da Saúde. E dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam que as pessoas estão vivendo mais, ou seja, o aumento do número de idosos representa também uma maior longevidade humana.
Mas, o que é longevidade, afinal? Para falar sobre o tema, conversamos com os especialistas Prof. Dr. Álvaro Avezum, diretor do Centro Internacional de Pesquisa, e Carolina da Costa, diretora-executiva de Educação, Pesquisa, Inovação e Saúde Digital, ambos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, que mantém um centro de pesquisa sobre o tema.
De maneira pragmática, podemos definir longevidade como o aumento da expectativa de vida associado à manutenção de qualidade de vida (domínios físico, mental, social e espiritual). Portanto, envolve um processo contínuo de otimizar oportunidades para manter e melhorar saúde integral, independência e autonomia ao longo do tempo.
“Enfatizamos que longevidade deve ser um objetivo durante o curso da vida, independentemente da idade. Isso porque a promoção de saúde deve começar na infância e na adolescência. Assim, quanto antes iniciarmos hábitos e atitudes saudáveis, maior será o impacto na expectativa e qualidade de vida”, afirma Carolina da Costa.
Como alcançar a longevidade com mais saúde?
Algumas atitudes individuais são essenciais para um envelhecimento saudável:
Tenha uma alimentação saudável
A nutrição é um dos fatores externos que exerce mais influência na saúde das pessoas ao longo da vida. Neste sentido, o nutricionista é um aliado, pois é o especialista que analisará as atividades diárias e as necessidades individuais de cada paciente. E vale lembrar: não adote nenhuma dieta restritiva sem a orientação de um profissional.
De modo geral, uma dieta completa fornece todos os nutrientes necessários para manter o corpo saudável, assim como a proporção correta entre proteínas, carboidratos e gorduras. As verduras e legumes são fontes ricas de vitaminas e antioxidantes, que ajudam o organismo a combater o envelhecimento.
Pratique atividade física
É unanimidade entre os especialistas: os indivíduos que se exercitam com regularidade vivem mais e com mais qualidade de vida.
Como o envelhecimento e a inatividade tendem a reduzir a força muscular, o treinamento de resistência é ainda mais importante para as pessoas mais velhas, pois ajuda a retardar a perda natural de massa muscular com a idade.
Em um levantamento publicado pelo British Journal of Sports Medicine (que envolve 17 estudos sobre atividades físicas e dados de mais de 1,5 milhão de indivíduos), as atividades de fortalecimento muscular foram associadas a um risco quase 20% menor de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, e mortalidade por todas as causas.
Evite automedicação
De maneira geral, o consumo de remédios é mais frequente por pessoas idosas devido, principalmente, ao surgimento de doenças crônicas associadas ao envelhecimento e que precisam de tratamento medicamentoso regular. No entanto, em todas as idades, é preciso manter a atenção aos efeitos dos medicamentos e conversar com um especialista antes de trocar ou tomar novos remédios.
Tenha uma atividade de lazer
Em todas as fases da vida, inclusive durante o envelhecimento, é fundamental ter momentos de lazer. Seja ler, ir ao cinema, fazer artesanato, pintar, ouvir música, dançar, estimular o raciocínio com jogos ou tocar instrumentos musicais. O importante é manter a mente ativa e colecionar momentos de prazer.
Visite o médico regularmente
Infelizmente, algumas doenças prevalecem com o avançar da idade. Segundo os especialistas, câncer, problemas cardiovasculares e lesões constituem as principais causas de morte entre pessoas na faixa dos 55-65 anos de idade. No grupo etário com idade acima de 75 anos, estão as doenças cardiovasculares, pulmonar obstrutiva crônica, cerebrovascular e pneumonia.
Entretanto, muitas delas podem ser prevenidas. De acordo com a plataforma mundial de conhecimento sobre o assunto, que no Brasil é coordenada pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, 90% dos óbitos prematuros e 90% dos eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca) podem ser prevenidos, atuando em fatores de risco simples de identificar e passíveis de intervenção.
Portanto, mais importante do que realizar uma bateria de exames anuais é que o médico verifique as condições clínicas mais comuns de acordo com a faixa etária. “Caso contrário, significará apenas consumo de recursos e exposição desnecessária para o paciente”, explica Álvaro Avezum.