Alguns anos depois da trágica pandemia de Covid-19, conseguimos visualizar hábitos adquiridos naquele período que são positivos e ainda comuns. Veja quais são os principais

Faz 5 anos desde aquele 11 de março de 2020, data em que a OMS declarou, oficialmente, a pandemia de Covid-19. Poucos dias depois, começaram as determinações de quarentena no Brasil. Não tem quem não se lembre o que estava fazendo quando percebeu o tamanho do que estávamos prestes a enfrentar.
A pandemia foi devastadora, de fato. Perdemos muito com ela: entes queridos, amigos, colegas, a liberdade de ir e vir, negócios, saúde mental etc. Por outro lado, 5 anos depois, alguns hábitos adquiridos se confirmaram comportamentos positivos e eficazes contra o contágio de doenças, principalmente as respiratórias.
Para ajudar a listar os hábitos que devemos manter, conversamos com Thiago Morbi, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Veja a seguir 5 comportamentos importantes que adquirimos na pandemia.
1. Uso de máscara
Em meados de 2020, quando a máscara se tornou obrigatória em locais públicos, aquela medida parecia muito distante da nossa realidade até então. O desespero na busca por máscaras foi tão grande que rapidamente elas sumiram dos estoques das farmácias e dos sites de produtos hospitalares e EPIs.
Hoje, é comum vermos pessoas usando máscaras em locais fechados, mas, principalmente, quando estão com sintomas gripais e querem evitar a transmissão.
“Adquirimos uma etiqueta de uso da máscara, que ainda é recomendada caso você tenha algum sintoma respiratório, como um quadro com coriza ou dor de garganta, e vai precisar sair de casa. Assim, você evita transmitir uma possível infecção viral para outras pessoas”, comenta Morbi.
O infectologista também recomenda o uso em locais pouco ventilados. “Se você vai frequentar algum lugar muito fechado, sem corrente de ar ou com aglomeração de pessoas, é recomendável o uso de máscara. Principalmente se você for de algum grupo de risco, como paciente oncológico, imunossuprimido, que está mais exposto a complicações.”
Com o uso da máscara, o risco de contaminação por gotículas é minimizado e isso contribui para a prevenção de diversas doenças, não só da Covid-19, como destaca o médico. “Evitamos desde quadros de infecção de trato respiratório alto, como a influenza (a famosa gripe), resfriado, rinovírus, mas, além disso, algumas doenças potencialmente mais graves, como meningite bacteriana.”
2. Mais atenção aos sintomas
Já parou para pensar como era o seu comportamento quando você sentia que estava com gripe ou resfriado? Provavelmente, na maioria dos casos, era muito comum entrar com um remédio sem receita para diminuir os sintomas e esperava passar.
Com a pandemia, aumentou a atenção a sintomas iniciais e à importância de um diagnóstico mais certeiro. Testes de Covid, influenza e dengue passaram a fazer parte da nossa vida com mais frequência, para garantir que um tratamento “autônomo” não esconda uma doença potencialmente mais perigosa.
“Anteriormente, quando nós tínhamos algum quadro clínico associado a um resfriado, sintomas leves de trato respiratório alto, como coriza, obstrução nasal ou dor de garganta, a gente não levava muito em consideração”, comenta o médico. E reforça a importância e necessidade de cuidados médicos. “Caso você tenha algum quadro clínico que esteja piorando, que tenha alguns sinais de alerta, procure o pronto atendimento. Não deixe para depois, porque o atendimento em momento oportuno pode fazer a diferença”, afirma.
3. Melhor higienização das mãos
A pandemia nos fez descobrir que algo que parecia tão óbvio, como a lavagem correta das mãos, não era um ritual que todos sabíamos fazer corretamente. Você se lembra dos programas matinais e dos jornais dando instruções sobre como higienizar as mãos repetidamente?
Também foi em 2020 que muitos descobriram a importância do uso de álcool em gel, especialmente fora de casa.
“A higiene das mãos previne muitas infecções, então a gente tem que ter esse hábito tanto dentro do ambiente hospitalar, como fora também. Essa é uma medida essencial para reduzir o risco de transmissão tanto no ambiente hospitalar quanto na comunidade”, reforça Morbi.
4. Manter a vacinação em dia
Antes da pandemia, os cuidados em manter a carteirinha de vacinação eram dedicados principalmente às crianças. E até a abrangência de campanhas de vacinação, como as de gripe, era menor. Hoje, é perceptível a maior preocupação dos adultos em manter a vacinação em dia, especialmente para as doenças respiratórias.
“Atualmente, temos vacina para Covid no SUS; além da vacina para a influenza, com campanhas anuais. E, agora, temos até a vacina para dengue. Então, procure o postinho mais perto da sua casa e veja se você tem indicação de fazer a vacinação”, recomenda o infectologista. “Além disso, procure o seu médico para orientar quais vacinas você pode tomar para evitar alguns tipos de infecção.”
Mais do que um hábito individual, o próprio exemplo da pandemia provou o quanto a vacinação é importante para a coletividade. Afinal, a doença só recuou de fato depois do surgimento das vacinas e com a efetividade da vacinação da população contra o vírus causador da Covid-19.
5. Comunicação da vigilância epidemiológica com o cidadão
As comunicações de campanhas de vacinação e epidemias evoluíram muito desde a pandemia. Para além de algumas inserções em TV, rádio e pôsteres nos ônibus, elas entraram nos aplicativos, mapas interativos, alertas nos celulares, entre outros pontos de contato.
“O fortalecimento da vigilância epidemiológica e da importância dela na identificação precoce de aumento de casos de doenças transmissíveis e suas ações para a mitigação dessas doenças foi importante. E quando a gente fala de um aprimoramento, também estou me referindo a outras doenças, como as arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidas por insetos e aracnídeos, como mosquitos). A gente vê esse sistema de notificação, de vigilância epidemiológica nacional, mais desenvolvido”, finaliza.
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