Novas práticas de planos de saúde paralisam até 16% dos pagamentos para hospitais privados

Pesquisa da Anahp, com 48 associados, aponta retenção de receita de R$ 2,3 bi em 2023

Uma pesquisa realizada pela Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro com 48 hospitais associados, revelou que os atrasos de pagamentos por parte das operadoras de planos de saúde resultaram em um saldo de receita a faturar de R$ 2,3 bilhões no período, cerca de 16% da receita bruta do grupo de hospitais, que foi de R$ 14,6 bilhões.

Outro dado que merece destaque na pesquisa é o índice de cobranças realizadas pelos hospitais que foram glosadas pelas operadoras, sem razões técnicas para a utilização da medida. O valor de glosas em aberto revelado foi de R$ 1,29 bi, que responde a 9% da receita bruta dos respondentes contra um padrão histórico de 3,5%.

Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, comentou que as operadoras vêm adotando novas práticas que geram graves consequências para os hospitais, como o aumento na demora do prazo de recebimento das faturas dos hospitais, que vinha em uma média de 70 dias e passou para 120.

“O trâmite todo vem ficando cada dia mais burocrático e com mais entraves que dificultam, inclusive, a cobrança pelo pagamento dos serviços prestados. O paciente chega no hospital, é atendido, recebe todos os cuidados necessários e aí os prestadores não conseguem rever esse valor investido no atendimento”, diz o executivo.

Ainda de acordo com Britto, é importante observar que esta situação não atinge apenas membros da Anahp, mas trata-se de um problema enfrentado por todos os quase 4 mil hospitais privados e filantrópicos brasileiros, bem como os milhares de demais prestadores de serviços, como clínicas e laboratórios de diagnósticos.

“Reconhecemos as dificuldades das operadoras mas é indispensável que todos entendam: nós estamos enfrentando uma crise estrutural e a solução do problema só virá a partir do momento que o setor trabalhar de forma conjunta, no entendimento de que uma saúde suplementar saudável só é possível com a sustentabilidade de todos os players“, finalizou o diretor-executivo da Anahp.

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