Sinais de fadiga, dificuldade de respirar, falta de oxigenação no sangue (cianose), arritmia e insuficiência cardíaca congestiva são alguns dos principais sintomas da Anomalia de Ebstein, cardiopatia congênita rara na válvula tricúspide – responsável por promover a separação do átrio direito e do ventrículo direito do coração – e que atinge de 1 a 2% de todas as cardiopatias congênitas em bebês nascidos vivos no mundo. A estrutura é fundamental para o funcionamento do corpo humano, uma vez que faz com que o sangue que já oxigenou o organismo volte para o coração. Na estrutura, o sangue entra pelo átrio direito e passa pela válvula tricúspide. Em seguida, vai para o ventrículo direito, é bombeado para o coração e é oxigenado de novo. A área de Cardiologia da BP, responsável pelo procedimento, acaba de ser eleito top 6 do Brasil no ranking da revista Newsweek como uma das melhores instituições nesta especialidade.
A malformação faz com que a válvula do coração se forme no lugar errado, atrapalhando a passagem do sangue. “Alguns casos são tão graves que a criança acaba falecendo ainda na vida fetal, ou seja, dento da barriga da mãe durante a gestação”, explica o médico José Pedro da Silva, cirurgião cardíaco da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais hubs de saúde de excelência do país.
A doença pode ser diagnosticada ainda na gestação, durante a radiografia morfológica. Ao constatar os primeiros indícios do problema, a mãe é encaminhada para a realização de um ecocardiograma. Confirmada a anomalia, o paciente é submetido a um procedimento chamado técnica de Starnes, que consiste no bloqueio da passagem de sangue do lado direito do coração com a inserção de um pequeno tubo para que o sangue possa fluir para outras partes do corpo, como os pulmões.
Como complemento ao tratamento, o paciente é submetido posteriormente à técnica do cone, procedimento de correção definitivo desenvolvido pelo cardiologista da BP há 29 anos. O método tem como diferencial a utilização do tecido da válvula do próprio paciente na reconstrução, eliminando a necessidade de refazer a cirurgia no futuro como nos casos de próteses artificiais. “Um ponto importante é que na técnica do cone nós conseguimos fazer adaptações que respeitam as características anatômicas de cada pessoa, uma vez que as estruturas das válvulas variam de pessoa para pessoa. O risco de rejeição também diminui drasticamente”, conta o médico.
No procedimento, são retirados partes dos tecidos anormais da válvula. Depois, é feita uma reconstrução com esses mesmos tecidos em formato de um cone. Quando há a contração do coração, essa válvula se abre e permite que o sangue passe por ela sem deixar que ele retorne sem o devido processo de oxigenação. Se não tratado, o problema pode ocasionar o aumento do coração, levando a quadros de insuficiência cardíaca e arritmias.
Ao longo dos últimos anos, a equipe do médico José Pedro realizou 360 procedimentos do cone. Já na estratégia sequencial considerada rara (Starnes neonatal, seguido de terapia do Cone), iniciada em 2018, seis procedimentos foram realizados. “Essa estratégia tem mostrado excelente resultado e muitas gestantes nos procuram para orientação”, finaliza o médico.
Fonte: BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo