A S.O.S. Vida tem como filosofia cuidar de seus pacientes de forma integral, buscando sempre proporcionar a participação deles em atividades normais do dia a dia. É assim quando leva um paciente para assistir a uma partida de futebol no estádio ou como aconteceu neste verão, quando alguns deles tiveram a oportunidade de tomar banho de mar nas águas calmas e quentes de Salvador, dentro do Projeto “Para a Praia”. No dia 9 de fevereiro, quatro pacientes estiveram na Praia de Boa Viagem e no dia 23 de fevereiro outros quatro na Praia de Ondina. Essa atividade lúdica proporciona integrar os familiares e pacientes, além de oferecer os benefícios do sol e da água salgada para o desenvolvimento motor, intelectual e social.
Todos se divertiram bastante, acompanhados de familiares e da equipe multiprofissional, presentes ativamente em todo o processo, desde a preparação para entrar na água, até o banho de mar em si. Para preservar a identidade dos pacientes, vamos usar apenas as iniciais de seus nomes.
A mãe de S.S. (9 anos) estava radiante com a alegria da filha ao entrar no mar, dia 9 de fevereiro. Conta que no ano passado participou do projeto, também levada pela S.O.S. Vida. Moradora de Simões Filho, a mãe agradece muito à empresa por proporcionar esse momento de lazer para a filha, que ficou tetraplégica após ser vítima de uma bala perdida.
A mãe destaca que quando S.S. chega em casa comenta o tempo todo com os dois irmãos e demais familiares tudo o que viveu na praia. E dessa vez foi ainda mais especial, pois além do banho de mar, ela conheceu outro paciente da S.O.S. Vida, V.B.S, de 6 anos, que também estava no projeto. Compartilharam o início de uma nova amizade, o que comoveu a todos. Após a praia, ela também experimentou o sorvete da Ribeira.
A mãe do garoto também era só alegria, pois era a primeira vez que o filho ia à praia. Muito comunicativo e brincalhão, o paciente V.B.S. cativou a todos e não queria mais sair do mar. “Ele achou um pouco estranho a água salgada, mas adorou”, disse a mãe, que também agradeceu à S.O.S. Vida pela iniciativa. “Não tenho nem palavras para descrever esse momento”, disse. O paciente tem uma doença rara, chamada síndrome de Ehlers-Danlos, caracterizada por um relaxamento excessivo da musculatura.
O paciente C.M.M, 23 anos, estava acompanhado da mãe e de outros familiares. Ela destaca que ele adora ir à praia e foi um dos que permaneceram por mais tempo na água, sempre ajudado por voluntários e familiares. Ele tem uma doença rara, chamada Síndrome de Van Der Knaap, que, entre outros aspectos, compromete a coordenação motora.
Todo ano uma emoção nova
A supervisora de fisioterapia da S.O.S. Vida, Andréa Couto, destaca que todo ano é diferente, uma emoção nova, porque cada paciente tem a sua energia, a sua história de vida e demonstra o amor e alegria de forma individualizada. Ela se emocionou várias vezes ao ver a felicidade dos pacientes entrando no mar na cadeira especial, bem como durante o encontro dos dois pacientes, que trocaram carinhos, informações e iniciaram uma nova amizade.
A médica da S.O.S. Vida, Ana Gabriela, ressalta que um dos objetivos do Home Care é realizar sonhos dos pacientes, na maioria das vezes desejos do dia a dia do ser humano comum, mas difíceis de serem realizados por pacientes em condições tão complexas e especiais. “E quando isso acontece, como hoje, ficamos todos felizes”, destaca a médica, ressaltando que eles têm poucas oportunidades de sair do leito.
A professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e fisioterapeuta Luciana Oliveira Rangel Pinheiro coordena a equipe de voluntários do Projeto Para a Praia. Ela conta que já é a sexta edição, realizada sempre no verão, nos meses de janeiro e fevereiro. Sem contar com o último sábado, já foram mais de 1.500 banhos.
Os voluntários são da própria faculdade e também de outras instituições de ensino. Luciana explica que o Projeto é uma parceria Público Privada com a Secretaria Municipal da Cidade Sustentável. Luciana acredita que a reabilitação não deve se limitar a exercícios em casa, mas o indivíduo deve ser preparado para voltar à vida normal.
A professora destaca que esse projeto existe em outros locais, mas o de Salvador tem uma particularidade. Nas outras cidades, como a equipe de voluntários não é da área de saúde, geralmente o perfil de banhistas não tem uma mobilidade tão reduzida. “Aqui temos banhistas muito mais graves em termos de mobilidade”.
Ela ressalta a parceria da S.O.S. Vida, “que tem também essa visão diferenciada da reabilitação e começou a trazer pacientes mais graves, inclusive com ventilação mecânica, para tomar banho de mar”.
O “Para Praia” existe desde 2014 e atende, durante o verão, dezenas de pessoas com algum tipo de problema de mobilidade. A estrutura montada inclui pistas especiais para o acesso dos cadeirantes, tendas de preparação e cadeiras anfíbias, que facilitam o trajeto na areia e flutuam no mar. Muitos voluntários, entre profissionais e estudantes da área de saúde, participam desse trabalho.
Mais informações no site da S.O.S. Vida: www.sosvida.com.br