Novidade apresenta vantagens como redução da perda sanguínea, manutenção do estoque ósseo e recuperação mais rápida e pode até reduzir o custo final da cirurgia
Médicos do grupo de joelho do serviço de ortopedia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ), desenvolveram uma solução própria para a correção de um problema comum em artroplastias de joelho: a perda óssea. “Existem várias classificações para quantificar esta perda óssea, tanto em relação à profundidade do defeito quanto à integridade do anel ósseo, distinguindo defeitos contidos ou não contidos. E há, também, diferentes propostas para corrigir o defeito ósseo. A técnica que desenvolvemos permite a correção de defeitos ósseos usando enxertos autólogos com fragmentos resultantes de cortes de osso, que podem ser utilizados tanto no fêmur quanto na tíbia, com um pequeno aumento no tempo cirúrgico, e sem a necessidade de instrumentos específicos ou cortes adicionais para regularizar as superfícies ósseas”, explica Alfredo Villardi, chefe do serviço de Ortopedia do HSVP. Ele acrescenta que, em comparação ao uso de cunhas metálicas, uma das opções utilizadas para corrigir o problema, a nova técnica apresenta vantagens, como redução da perda sanguínea, manutenção do estoque ósseo, permitindo a ambulação precoce e até mesmo redução do custo final da cirurgia.
Denominado pela equipe de ‘Stonehenge Modificado’, o procedimento baseia-se na técnica descrita por Keblish, chamada Stonehenge, de acordo com a qual utiliza-se o autotransplante de estruturas que se assemelham a estacas de suporte verticais. “Daí vem o nome da técnica, por remeter à estrutura de Stonehenge, localizada na Planície de Salisbury, no condado de Wiltshire, na Inglaterra”, afirma Villardi. A metodologia desenvolvida pela equipe do HSVP consiste na utilização de um único enxerto, modelado de acordo com a área a ser preenchida, impactado e regularizado. “Desta forma, podemos proporcionar uma área maior de suporte, pois trabalhamos uma superfície contínua e não múltiplos pontos de suporte. A outra modificação que introduzimos é o aprofundamento do defeito em sua totalidade, removendo o máximo possível do osso esclerótico. No caso dos defeitos não contidos, realizamos perfuração oblíqua, seguindo a orientação da parede residual, evitando assim que a perfuração vertical enfraqueça a parede óssea e reduzindo o risco de fraturas”, completa ele.
O especialista explica que os defeitos ósseos são mais comuns em artroplastias de revisão, devido a soltura, infecção e remoção de material, mas também podem ocorrer em artroplastias primárias, por conta de fatores como artropatias inflamatórias, longos tempos de espera para cirurgia, sequelas de fraturas ou infecção, entre outros.
A técnica desenvolvida pelos médicos brasileiros foi publicada como Descrição de Técnica Cirúrgica na edição de dezembro da Revista científica Arquivos de Pesquisa Médica, da Sociedade Europeia de Medicina.