O paciente Brasil e a luz no fim do túnel

O autor e político Alfredo d’Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, uma vez disse que o homem é movido por três sons – o clap clap das palmas, o tilintar das moedas e o farfalhar dos lençóis. Não raramente, mostra-se seduzido pelos três. E, por mais debochada que essa definição possa parecer, a realidade, quando desprovida de preciosismos intelectuais e eufemismos convenientes, pode ser tão simples quanto isso. 

Complexos são, por outro lado, os efeitos dessas intenções quando geram prejuízo direto ao interesse de uma nação. 

Não sei se você tem a mesma sensação, mas os sucessivos absurdos que contornam o momento presente da política brasileira trazem a impressão de que o brasileiro vive um pesadelo que nunca termina. (Temo já ter compartilhado esse pensamento em textos antigos publicados aqui…inevitável recorrência, não é mesmo?) 

Chegamos a pensar que o Brasil já havia enfrentado todos os problemas que lhe estavam reservados. Com a transferência do principal comando do País, a primeira ação foi estancar a sangria econômica que colocava as nossas conquistas sob risco de vida. É assim que funciona em um pronto socorro: é preciso identificar as prioridades – está claro que, se o sujeito está sangrando, com o fígado rompido, você não vai parar para dar pontos nos cortes superficiais pelo corpo. O paciente precisa de uma solução rápida. 

Dentro desse raciocínio, o País foi cortado em duas partes, sendo a primeira delas confiada a competentes especialistas econômico-financeiros, para que recuperassem o ambiente de confiabilidade para investimentos. E os sinais vitais da economia começaram a responder: o índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido regularmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), subiu para 45,7 pontos em junho, 4,4 pontos a mais na comparação com o mês anterior e o maior valor desde novembro de 2014. Isso significa que quem gera emprego e valor para o Brasil está mais confiante. 

Por outro lado, a segunda metade do paciente se manteve sob os cuidados de especialistas políticos – os mesmos de antes da mudança e que, aparentemente, não são os mais indicados para a função. Qual é o dilema aqui? O establishmentpolítico, a ordem (ou desordem) vigente que, por interesses particulares, mantém as coisas como estão, para ver como é que fica.

A consequência disso é que, a cada dia, surge um novo desequilíbrio orgânico no paciente, mais um caso grave que o paralisa em um leito de UTI. Porque, após cuidar da emergência, é preciso voltar a olhar para o sistema de forma holística. 

Essa é a luz no fim do túnel. Resta saber se ela é a solução para o nosso País ou uma locomotiva vindo em nossa direção.

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