Dezembro Laranja: proteção contra o sol deve acontecer o ano todo para evitar câncer de pele

Dezembro chegou com verão, sol forte e dias de descanso. O mês também marca a campanha Dezembro Laranja, sobre a importância de se proteger do sol o ano inteiro para evitar o câncer de pele.

O tipo não-melanoma da doença é o mais frequente no Brasil, representando 30% de todos os tumores malignos registrados, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Até o fim de 2019, a estimativa é de 165,5 mil novos casos de câncer de pele não-melanoma no país, e os homens devem ser os mais afetados. 

De acordo com Letícia Motta, dermatologista do Hospital do Câncer Anchieta, a incidência do câncer de pele vem aumentando no Brasil. “Além de vivermos em um país tropical, onde a exposição à radiação é constante, esse fato ainda é potencializado pela destruição progressiva da camada de ozônio e maior passagem dos raios UVB.”

Por meio de entrevista e exame físico detalhado, o Hospital do Câncer Anchieta avalia lesões suspeitas de malignidade. “O ideal é realizar o diagnóstico o quanto antes, para aumentar a chance de cura”, afirma Letícia. Uma equipe multidisciplinar apoia o paciente do diagnóstico até o tratamento de forma individualizada para garantir o bem-estar e a qualidade de vida.

A implantação de métodos complementares como a dermatoscopia e exames de imagem auxiliam na detecção cada vez mais precoce da doença. A dermatoscopia é uma ferramenta já bem difundida, que amplifica as lesões de pele e torna possível observar achados sugestivos de lesões malignas, antes mesmo que apareçam os sintomas. 

A tomografia óptica de coerência, a ressonância magnética, a ultrassonografia de alta frequência e a microscopia confocal são exames capazes de avaliar a pele até certa profundidade e, portanto, auxiliar no diagnóstico. Contudo, os exames de imagem ainda não são de fácil acesso, ficando mais vinculados às pesquisas.

Em situações mais específicas, ainda é necessário fazer a biópsia, que é o exame indicado para a confirmação diagnóstica do câncer de pele, explica Renata Storani, dermatologista do Hospital Santa Virgínia (HSV). 

“Outros exames podem ser necessários para determinar o estadiamento da doença e decidir o tratamento mais adequado. Por esses exames, é possível identificar se o câncer de pele é melanoma ou não-melanoma e seus tipos”, explica.

Renata diz que é necessário procurar o especialista sempre que o paciente notar alguma alteração na pele como manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram, feridas que não cicatrizam em quatro semanas, além de pintas ou sinais que mudam de tamanho, forma ou cor.

Tratamento

A cirurgia para retirada do tumor é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas, dependendo do estágio do câncer. Quando há metástase, o câncer de pele melanoma (tipo mais grave), atualmente, é tratado com novos medicamentos imunoterápicos, que apresentam altas taxas de sucesso terapêutico, explica Renata Storani.

O tratamento do câncer de pele tem evoluído com a introdução da terapia-alvo e a imunoterapia. A terapia-alvo envolve drogas que atacam determinada molécula presente na célula tumoral, e a imunoterapia ativa o sistema de defesa do paciente contra as células cancerígenas. Essas novas terapias vêm aumentando a sobrevida dos pacientes com resultados bem promissores.

Prevenção

Quando o assunto é prevenção, nenhuma tecnologia substitui a educação e conscientização sobre os riscos da exposição à radiação solar e necessidade do uso diário de protetores. Confira hábitos que você deve inserir na sua rotina para evitar o câncer de pele: 

  • Use filtro solar todos os dias, fator 30 ou mais e com aplicação três vezes ao dia. O real fator de proteção do produtos varia com a espessura da camada e a frequência de aplicação;
  • Evite ficar no sol entre 10h e 16h, período em que a radiação é mais forte;
  • Use proteção física: óculos de sol e roupas com proteção UV, chapéus de abas largas, sombrinhas e guarda-sol;
  • Prefira ficar em locais sombreados;
  • Crianças e bebês precisam de atenção redobrada. A infância é o período mais suscetível aos efeitos danosos da radiação UV, que se manifestam na fase adulta;
  • Faça um autoexame periodicamente: cheque sua pele à procura de novas manchas ou pintas que se modificaram; 
  • Procure um dermatologista a cada seis meses ou um ano para avaliar detalhadamente as pintas;
  • Se há histórico familiar ou casos anteriores de melanoma, procure um dermatologista para fazer um mapeamento corporal. Neste exame, são feitas fotografias com o auxílio de dermatoscópio digital das principais lesões suspeitas. O objetivo é fazer registros fotográficos periódicos a cada 3 meses, 6 meses ou 1 ano, a depender das características das pintas, para detectar variações discretas e diagnosticar precocemente o melanoma, caso ele apareça.

Matérias
relacionadas