Tratamento com Botox promete reduzir até 50% das crises
A toxina botulínica é a mais nova terapia e com alto impacto na enxaqueca. Este novo tratamento está indicado apenas nos portadores de enxaqueca na forma crônica, ou seja, presente por mais de 15 dias durante o mês, de características típicas e por pelo menos 3 meses.
“O botox impede a transmissão de impulsos dolorosos. A aplicação segue o trajeto dos nervos cranianos em aproximadamente 31 pontos ao longo do crânio e do trapézio. O efeito se inicia em 3 a 7 dias e dura por 6 meses. O estudo que aprovou o uso do botox para enxaqueca mostrou redução de 50% de dias de dor e redução da intensidade”, explica Márcio Siega, neurologista do Hospital Anchieta.
Segundo o especialista, inúmeros fatores influenciam as dores. “Determinados alimentos, odores, alterações de sono, jejum prolongado, exposição luminosa, esforço físico, alterações hormonais, uso de anticoncepcionais, estresse, depressão e uso excessivo de analgésicos acentuam a enxaqueca. Hábito de vida saudável e atividades físicas geralmente inibem a dor.”
Saiba mais:
A enxaqueca é uma doença neurológica, na qual a dor de cabeça é o principal sintoma e aparece de forma recorrente ao longo da vida. Os indivíduos que sofrem com a doença tem uma predisposição genética. A enxaqueca é o principal motivo de procura ao neurologista, pois é muito incapacitante. Estipula-se que 10% da população tenha crises de enxaqueca ao longo de 1 ano.
As crises de enxaqueca duram entre 4 e 72 horas e os sintomas são vários: dor unilateral, alternante, forte, latejante, acompanhada de náuseas ou vômitos e fotofobia. “A base do tratamento são medicamentos neurológicos que agirão no distúrbio cerebral causador da enxaqueca, inibindo o aparecimento das crises. Os remédios utilizados derivam de antidepressivos, drogas antiepilépticas, anti-hipertensivos e medicamentos para labirintite”, comenta o neurologista.
Existem também tratamentos não medicamentosos, como acupuntura com estimulação elétrica e bloqueios anestésicos de nervos cranianos.
“Como a enxaqueca é desencadeada por múltiplos fatores, quanto mais ampla a abordagem do quadro e detecção dos potenciais gatilhos de dor, maior o sucesso do tratamento. Geralmente, problemas emocionais de difícil resolução levam a um quadro resistente. Se o indivíduo completa o tratamento e adota um hábito de vida, ocorrerão poucas crises e com boa resposta a analgésicos simples, sem causar prejuízo na qualidade de vida”, conclui Márcio Siega.
Fonte: Hospital Anchieta – 19.02.2015