O foco da Jornada Digital Anahp de abril será a formação, desenvolvimento e atuação das lideranças no setor de saúde. No primeiro encontro, realizado nesta quinta-feira (03), os participantes discutiram “As novas tecnologias no ambiente hospitalar e seus impactos nos colaboradores”. O debate destacou como inteligência artificial, sensores, automação e aplicativos estão transformando a rotina dos profissionais — e como as lideranças podem garantir que essa transformação ocorra com segurança, propósito e envolvimento humano.
Participaram do encontro:
- Chander Turcatti, gerente de Inovação do Hospital Dona Helena
- Lara Salvador, diretora de Inovação e Experiência do Paciente da Rede Mater Dei de Saúde
- Paulo Zimmer, diretor de Operações Médicas do Hospital Israelita Albert Einstein
- Telma Santos, gerente-executiva de Pessoas da Rede Mater Dei de Saúde
- Moderação: Evelyn Tiburzio, diretora técnica na Anahp
Confira, a seguir, os principais destaques:
Inovação hospitalar exige mais do que tecnologia
Os debatedores reforçaram que tecnologia, por si só, não transforma a saúde. Para gerar impacto real, é preciso integrá-la à experiência clínica, à cultura institucional e à prática assistencial.
NA PRÁTICA
Comece ouvindo quem está na linha de frente. No Hospital Dona Helena, metodologias como Design Thinking e Design de Empatia são aplicadas para identificar necessidades reais e reduzir resistências. Além disso, a instituição aposta em pilotos e em treinamentos voltados à mudança cultural para garantir adesão das equipes.

“Saúde é tecnologia aliada à experiência assistencial e clínica. O desafio é integrar essas dimensões com inteligência e sensibilidade” – Chander Turcatti
O colaborador como motor da inovação
A transformação só acontece quando as pessoas se sentem parte dela. Sem engajamento das equipes, qualquer ferramenta corre o risco de fracassar — mesmo que seja tecnicamente excelente.
NA PRÁTICA
Envolva o time desde o início. Na Rede Mater Dei, o programa MaterLab permite que colaboradores proponham ideias e desenvolvam soluções em conjunto com a área de inovação. A assistente virtual Maria, por exemplo, surgiu dessa iniciativa e foi testada internamente antes de ser adotada em larga escala.

“Se o colaborador não vê a tecnologia a seu favor, nada vai pra frente” – Lara Salvador
A revolução na operação
O setor de saúde está diante de um ponto de inflexão com o surgimento simultâneo de tecnologias que podem mudar completamente o modelo assistencial.
NA PRÁTICA
Mapeie as tecnologias já presentes no hospital, mesmo que isoladamente, e forme grupos multidisciplinares para testá-las de forma integrada. No Einstein, essa abordagem resultou na revisão de protocolos e na adoção de novas ferramentas clínicas.

“Tudo está mudando, inclusive a forma como atendemos e documentamos” – Paulo Zimmer
IA como aliada da assistência médica
A inteligência artificial tem potencial para aliviar a carga de trabalho, melhorar a experiência do paciente e aumentar a segurança — mas isso só acontece quando está integrada à prática clínica.
NA PRÁTICA
Escolha um problema real (como prontuários extensos ou retrabalho) e implemente uma ferramenta voltada a ele. O Einstein desenvolveu a H-Story, que gera linhas do tempo do paciente e resumos clínicos com apoio de IA. A adoção é feita com “equipes-piloto” e ajustes a partir do uso prático.
“Atualmente, o prontuário se forma sozinho, com base na conversa clínica.
O profissional apenas revisa” – Paulo Zimmer
Liderança analítica
Mais do que saber programar, liderar na era digital exige capacidade de formular boas perguntas e interpretar dados de forma estratégica.
NA PRÁTICA
Treine lideranças para desenvolver pensamento analítico. No Dona Helena, os programas de capacitação focam em como transformar desafios reais em perguntas que possam ser respondidas por ferramentas de dados e IA.
“As lideranças precisam entender o problema, fazer as perguntas certas e orientar os times de inovação. Não precisam ser especialistas em tecnologia” – Lara Salvador
Dados como base para decisões inteligentes
Sem dados bem estruturados, mesmo as ferramentas mais sofisticadas de IA perdem valor.
“É como abastecer um carro bom com gasolina ruim.
A IA não vai andar bem” – Paulo Zimmer
NA PRÁTICA
Monte times com TI, qualidade e assistência para revisar os campos críticos dos sistemas. Einstein e Mater Dei priorizam a estruturação e curadoria da base de dados para garantir confiabilidade. A orientação é começar pelos dados mais impactantes e acompanhar o uso com educação contínua.
A regulamentação precisa acompanhar a inovação
Embora necessária, a regulação excessiva pode travar soluções úteis — especialmente aquelas criadas por startups.
“Como se regulamenta conhecimento?
Cada IA é treinada de um jeito” – Chander Turcatti
NA PRÁTICA
Acompanhe o debate regulatório, mas não espere que tudo esteja pronto para começar a inovar. Crie um comitê interno de ética e inovação para analisar riscos, contratos e boas práticas. Isso prepara o hospital para lidar com exigências futuras sem perder agilidade ou competitividade.
Cultura de inovação começa no RH
A inovação começa com pessoas abertas ao novo. Por isso, é essencial construir uma cultura que estimule o protagonismo.
NA PRÁTICA
Avalie o perfil inovador já na seleção de talentos. Na Mater Dei, os valores de inovação e protagonismo fazem parte dos critérios de contratação e são reforçados no onboarding e em programas de reconhecimento.

““A cultura organizacional é o que move a adoção da tecnologia. Sem isso, nenhuma ferramenta se sustenta” – Telma Santos
Capacitação constante como estratégia digital
Capacitar não é mais um evento pontual, mas um processo contínuo. A alta rotatividade e a velocidade da inovação exigem formação permanente.
“Não tem fórmula de bolo.
E a rotatividade obriga a capacitar o tempo todo” – Telma Santos
NA PRÁTICA
Personalize as trilhas de aprendizagem por perfil profissional. A Rede Mater Dei usa plataformas digitais, QR Codes e embaixadores internos para manter o aprendizado ativo e acessível — inclusive nos setores operacionais.
O que dizem os especialistas?
As experiências do Einstein, da Rede Mater Dei e do Hospital Dona Helena mostram que a inovação de verdade no ambiente hospitalar vai muito além da tecnologia. Ela exige cultura, escuta, liderança e, acima de tudo, equipe preparada. A transformação digital começa pelas pessoas — e precisa delas para gerar valor, dentro e fora do hospital.
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