Jornada Digital | Cuidado centrado no paciente depende de liderança, escuta e ação baseada em dados

A Jornada Digital Anahp de junho começou com foco prático na experiência do paciente. No encontro desta terça-feira (5), especialistas falaram sobre como transformar a percepção do paciente em resultados concretos para o cuidado, para as pessoas e para a instituição.

Participaram do debate:

  • Flávia Camargo, diretora de Experiência em Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein
  • Marina Muto, superintendente de Customer Experience do Hospital Sírio-Libanês
  • William Pereira, conselheiro da SOBREXP
  • Moderação: Kelly Rodrigues, CEO da Patient Centricity Consulting

Confira os principais pontos do debate:

Cultura, liderança e senso de pertencimento

A base de qualquer estratégia de experiência está na cultura institucional e no engajamento da alta liderança. Mais do que um projeto isolado, é necessário tornar o cuidado centrado no paciente uma diretriz institucional clara, refletida em rituais, formação, reconhecimento e participação.

NA PRÁTICA
Formar líderes para que estejam preparados para se comunicar com clareza, escutar com empatia e fortalecer a autonomia das equipes por meio do autoconhecimento e do protagonismo.

Governança estruturada e indicadores robustos

As executivas do Einstein e do Sírio-Libanês apresentaram modelos avançados de gestão da experiência, com governança clara, uso de tecnologia e dados integrados. Os pilares incluem comitês de experiência, ouvidoria ativa, CRM, desenho da jornada e monitoramento de percepção e desfechos.

NA PRÁTICA
Realizar pesquisas relacionais e transacionais, usar processamento de linguagem natural para textos abertos, integrar BI, CRM e indicadores operacionais, e definir KPIs por jornada (pronto atendimento, internação etc.).

Cuidado centrado na pessoa: da intenção à prática

Cuidado centrado vai além do discurso: exige ferramentas, treinamento e escuta ativa. Envolve pacientes nas decisões, personaliza o cuidado e engaja todos os profissionais na experiência do paciente, mesmo os que não estão na linha de frente.

NA PRÁTICA
Mapear as etapas mais críticas da jornada do paciente, definir expectativas, promover decisão compartilhada e cocriar soluções com pacientes, familiares e equipes assistenciais e administrativas.

Do dado à ação: como transformar escuta em valor

Indicadores de experiência devem funcionar como farol, sinalizando onde está a dor e direcionando a análise com base em dados operacionais. A IA pode apoiar, mas as decisões precisam ser baseadas em evidências e promover mudanças reais.

NA PRÁTICA
Correlacionar indicadores como NPS, CESAT e CES com tempos de espera, absenteísmo, escala de profissionais e capacidade de resposta; atuar proativamente nas áreas críticas da instituição.

Desfechos clínicos e valor para o paciente

Medir desfechos é parte essencial da experiência. PROMs e PREMs ajudam a entender se o cuidado melhorou a qualidade de vida e se o paciente se sentiu ouvido. Também contribuem para dar transparência aos resultados.

NA PRÁTICA
Acompanhar desfechos clínicos e experienciais antes, durante e depois da linha de cuidado; publicar dossiês de valor para profissionais e pacientes; criar programas gerenciados com apoio ativo após a alta.

Experiência integrada nos sistemas público e privado

A gestão da experiência também é essencial no SUS. Embora exija adaptações de linguagem e estrutura, os princípios da escuta, humanização e avaliação por indicadores continuam válidos.

NA PRÁTICA
Adaptar pesquisas ao perfil dos usuários do SUS, capacitar profissionais da rede pública e mostrar que a centralidade no paciente é viável mesmo com restrições de recursos.

Ferramentas e plataformas para medir a experiência

A escolha de plataformas digitais é estratégica. Além de permitir coleta e análise em larga escala, devem ser integradas aos sistemas internos, com dashboards intuitivos e IA aplicada à leitura de dados abertos.

NA PRÁTICA
Utilizar plataformas certificadas, como a Track; integrar CRM e BI; adotar customer data platforms (CDP) e aplicar IA com parcimônia para gerar insights estratégicos.

Capacitação e onboarding centrados na cultura

Não basta treinar colaboradores. É preciso formar desde o primeiro dia, traduzindo os valores em atitudes. Academias internas de acolhimento e rituais organizacionais são estratégias eficazes.

NA PRÁTICA
Estruturar trilhas de onboarding com foco em valores e atitudes; usar práticas de reconhecimento baseadas em comportamentos desejados; criar espaços contínuos de escuta e alinhamento.

O que dizem os especialistas?

O primeiro encontro da Jornada Digital Anahp de junho – que está trazendo debates temáticos sobre Experiência do Paciente – mostrou que medir experiência não é apenas aplicar pesquisas. É, acima de tudo, um compromisso com o cuidado centrado, com a escuta genuína e com a transformação de dados em valor. Quando cultura, liderança e métricas caminham juntas, a experiência deixa de ser conceito e se torna prática viva em toda a jornada do paciente.

Confira os próximos eventos da Anahp e participe!

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