O Brasil vai ser o primeiro país da América Latina a disponibilizar pelo SUS acesso à Profilaxia Pré-exposição (PrEP) oral.
No dia 1º de dezembro é celebrado o Dia Internacional da Luta contra a AIDS (sigla em inglês de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). A data tem o objetivo não apenas de informar as pessoas sobre os sintomas, perigos e formas de se prevenir da doença, mas também auxiliar no combate contra o preconceito que os portadores de HIV (sigla em inglês de Vírus da Imunodeficiência Humana) sofrem na sociedade. O Ministério da Saúde estima que 827 mil pessoas vivam com HIV/AIDS no Brasil.
Diferença entre AIDS e HIV
A AIDS é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. A síndrome é causada pelo HIV, que ataca as células de defesa do corpo, deixando o organismo mais vulnerável, permitindo que aconteçam infecções oportunistas, por microrganismos que normalmente não produzem a doença e que elevam muito a mortalidade dos pacientes portadores do HIV.
De acordo com o infectologista Manuel Palácios, do Hospital Anchieta, antigamente, entre a contaminação e a fase final, estimava-se um tempo de três anos. Hoje em dia, há certa ‘adaptação’ do vírus ao corpo humano, e pode ser que este tempo tenha aumentado em um ou dois anos. Atualmente o vírus pode ser identificado mais cedo e o paciente pode ter uma sobrevida mais longa e saudável.
“Teoricamente, o vírus começa a se replicar no organismo após duas horas do contágio, porém os métodos de detecção só permitem percebê-lo no sangue após duas semanas (método molecular, chamado de Carga Viral) ou após 30 dias (método convencional por detecção de anticorpos/antígenos, conhecido como ELISA 4° geração, que sempre é confirmado com outro teste, chamado de Western Blot), respeitando o período chamado de Janela Imunológica”, explica o especialista.
Transmissão
Ter o vírus não significa que a pessoa necessariamente tem a doença. Há soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a AIDS, mas podem transmitir o vírus. As principais formas de transmissão são: relações sexuais desprotegidas; transfusões sanguíneas (material não triado pelo Hemocentro); compartilhamento de objetos de punção (seringas) no uso de drogas injetáveis; transmissão vertical (de mãe para filho durante o parto e na amamentação) e acidentes ocupacionais punço-cortantes envolvendo pessoas (pacientes) portadoras do HIV. Entre as grávidas soropositivas, as chances de transmissão de mãe para filho são em todo de 15% a 30%, caso a paciente não tome o ‘coquetel’ (terapia antirretroviral) durante a gestação.
Tratamento
Atualmente, o famoso cocktail é formado inicialmente por três antirretrovirais e o tratamento é iniciado independente do grau de imunidade que o paciente apresenta. Os remédios buscam controlar o HIV pelo maior tempo possível, diminuindo a multiplicação do vírus no corpo e recuperando as defesas do organismo.
HIV no DF
De acordo com os dados divulgados no Boletim Epidemiológico de HIV, AIDS e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) de 2016, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, no período de 2010 a 2015 foram notificados mais de 3 mil novos casos de AIDS. A maior quantidade de casos de HIV estava concentrada na população masculina, em especial, entre homens homossexuais e bissexuais. As faixas etárias que mais apresentaram infecção foram de 20 a 34 anos e de 35 a 49 anos. Entre as regiões da capital que mais registraram novos casos, destacam-se Asa Norte, Águas Claras, Lago Norte, Taguatinga e Cruzeiro.
Prevenção
Uma das novidades é a Profilaxia Pré-exposição (PrEp). A medicação é ingerida antes do contato com um soropositivo e diminui em até 80% as chances de contaminação. A pílula, que combina o medicamento tenofovir e o entricitabina, irá bloquear o ciclo da multiplicação do vírus, impedindo a infecção no organismo e deve ser tomado uma vez ao dia de forma contínua.
“Existem dois tipos de PrEP: oral e tópica (uso de gel genital). O Brasil vai ser o primeiro país da América Latina a disponibilizar pelo SUS acesso à PrEP oral (somente para homens que fazem sexo com homens; transexuais; profissionais do sexo e parceiros sorodiscordantes de pessoas com HIV), porém poderá ser também encontrada na rede privada de drogarias. Na rede pública será disponibilizada de forma gratuita, provavelmente a partir do mês de dezembro 2017”, explica Manuel Palácios.