Evolução nos modelos de remuneração deve ser prioridade na saúde suplementar

Transformação é urgente, exige planejamento em conjunto e disposição para sair da zona de conforto e assumir riscos

Na última quinta-feira (11), aconteceu a segunda edição do Anahp Ao Vivo – Jornada Digital de abril, que está abordando a eficiência operacional no setor hospitalar. No encontro, os convidados discutiram o tema “Modelos de remuneração que garantem bons desfechos assistenciais e financeiros” e concordaram que é necessário evoluir rápido nessa área para estimular a eficiência operacional e garantir a sustentabilidade econômica da saúde suplementar.

Carlos Marsal, superintendente de Estratégia, Consultoria e Novos Negócios no Hospital Sírio-Libanês e coordenador do Grupo de Trabalho Financeiro da Anahp, abriu o debate citando uma pesquisa recente com líderes da saúde em que mais de 80% destacaram uma grave crise no setor que exige transformações profundas envolvendo toda a cadeia. “Principalmente, está claro que necessitamos de novos modelos de relacionamento”, disse.

Daniele Curtinove, diretora comercial do Hospital Mãe de Deus, tem uma percepção alinhada com os números apresentados por Marsal, mas alertou que “se ninguém tomar a iniciativa de dar o primeiro passo não vamos sair do lugar”. Para ela, ainda há uma resistência cultural grande quando se fala em mudar os formatos de remuneração e sair do fee-for-service, inclusive dentro dos hospitais. “Evoluir nesse sentido implica em deixar uma zona de conforto e assumir riscos”, avisou.

Rogério Pontes, diretor administrativo e financeiro do Hospital São Lucas da PUCRS, chamou a atenção para um cenário insustentável em que os custos não param de subir enquanto as margens dos hospitais e das operadoras ficam cada vez mais apertadas. “Em breve, vamos chegar num ponto em que a mudança terá que ser feita pela dor e não mais pelo amor”, concluiu.

Além de relacionamentos mais produtivos, inclusive com fornecedores e a indústria, Pontes sugeriu providências internas por melhores resultados financeiros, como tolerância zero com o desperdício e a busca por novas fontes de receitas. “Existem muitas oportunidades dentro dos hospitais. Hoje, parte considerável do nosso faturamento vem da pesquisa clínica”, exemplificou.

Silvia Valera, gerente comercial e de Relacionamento Empresarial do Hospital Nipo-Brasileiro, seguiu a opinião dos colegas sobre a necessidade de mudanças, e alertou que, para ser eficaz, o processo deve ser bem planejado. “Entendo que o caminho para chegar a um modelo de alta performance terá que ser construído em etapas”, avaliou.

A gerente ressaltou que a solução não pode ser imposta – nem pela operadora nem pelo hospital, mas que o planejamento precisa ser feito em conjunto e os players devem ter tempo para se preparar. “Principalmente, os riscos têm que ser compartilhados. E nunca podemos nos esquecer que o paciente é o centro disso tudo”, finalizou.

Assista ao debate na íntegra:

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais

O debate “Modelos de remuneração que garantem bons desfechos assistenciais e financeiros” teve a participação de Daniele Curtinove, diretora comercial do Hospital Mãe de Deus; Rogério Pontes, diretor administrativo e financeiro do Hospital São Lucas da PUCRS; e Silvia Valera, gerente comercial e de Relacionamento Empresarial do Hospital Nipo-Brasileiro. A moderação foi feita por Carlos Marsal, superintendente de Estratégia, Consultoria e Novos Negócios no Hospital Sírio-Libanês e coordenador do Grupo de Trabalho Financeiro da Anahp.

Confira os outros debates da Jornada Digital de abril e programe-se:

– 18/04, às 10h – Eficiência operacional: cases de colaboração entre indústria e hospital

– 25/04, às 10h – Tecnologia associada a suprimentos em favor da eficiência operacional

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