Especialista em ética da Inteligência Artificial, João Cortese estará presente no Conahp 2023

Para completar o time de profissionais e especialistas que debaterão, no Conahp 2023, o impacto da Inteligência Artificial na saúde, o professor e pesquisador João Cortese está com a presença confirmada no evento.

Cortese fará parte do debate DESAFIOS ÉTICOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA SAÚDE, parte da programação do Palco Estratégico focado em IA, que acontece no dia 19 de outubro.

O trabalho desenvolvido pelo especialista tem foco nas áreas de história e filosofia da matemática, ética da inteligência artificial, história e filosofia da biologia, e bioética. Em seu currículo coleciona títulos e cargos como pesquisador associado ao Laboratório SPHERE (Université Paris Cité e CNRS) e do núcleo de Bioética da Fundação José Luiz Egydio Setúbal; doutor em Epistemologia e História da Ciência e mestre em História e Filosofia da Ciência pela Université de Paris 7; também se formou doutor em Filosofia pela USP (co-tutela); foi professor de Bioética da USP; coordena a área de Ética da iniciativa Understanding Artificial Intelligence (UAI), no IEA-USP; entre outras atividades.

Confira, a seguir, a entrevista que fizemos com Cortese:

➜ Podemos dizer que a saúde é uma das áreas mais críticas em relação aos desafios éticos relacionados à Inteligência Artificial? Quais características do setor o torna mais sensível?
A área da saúde deve ganhar uma atenção especial no que diz respeito à aplicação da IA, pois é uma área na qual aparece de modo claro a importância do cuidado com a dignidade humana – neste sentido, ela pode ser uma das áreas nas quais os impactos éticos da IA mais saltem aos olhos.

Na sua opinião, qual é o principal desafio ético da IA dentro da saúde?
Um enorme desafio da IA na saúde é como, com o benefício da otimização, não deixar de lado a dignidade do paciente e a importância da relação entre o paciente e o profissional de saúde.

Num contexto onde as máquinas ganham cada vez mais protagonismo, seriam as discussões éticas, normativas e até filosóficas um bom caminho para nos ajudar a não nos distanciarmos da humanização do cuidado?
O desafio que representam os novos usos de IA na saúde torna necessário que, enquanto sociedade, tragamos respostas sobre quais elementos éticos não podem ser negligenciados nesse novo contexto – nesse sentido, discussões éticas sobre o que queremos para a nossa sociedade são fundamentais.

➜ Nós estamos preparados para a era do robô? Será que temos regras e conceitos bem estipulados, discussões maduras o suficiente para nos blindarmos de possíveis perigos como a responsabilização pela ação da IA?
Há uma enorme discussão sobre qual o grau de autonomia que algoritmos de IA têm e poderão ter no futuro; em relação a isso, um grande problema é como discutir responsabilização nesse caso. De todo modo, o fato é que aqueles que podem desenhar tais tecnologias, assim como aqueles que têm algum cargo de poder para direcioná-las, têm uma enorme responsabilidade em pensar sobre quais podem ser os impactos delas.

A IA pode aumentar as disparidades que já existem no Brasil em relação à educação e emprego?
A aplicação de IA em alguns setores pode automatizar certas tarefas de modo a eliminar postos de trabalho. Outras vagas podem ser criadas, mas não é que essas serão em número equivalente àquelas eliminadas. De todo modo, a concentração do desenvolvimento da IA por algumas grandes empresas face à desigualdade existente no mundo (e em particular no Brasil) torna necessário que uma preocupação no desenvolvimento da IA seja a de que ela não aumente as desigualdades.

>> João Cortese recomenda a leitura:
Relatório da OMS – “Ética e governança da inteligência artificial para a saúde”

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