O procedimento oferece conforto e mais precisão no diagnóstico
A cada dia a medicina inova em seus procedimentos para dar mais conforto e segurança aos pacientes. Apesar de pouco conhecida, a cápsula endoscópica, ou enteroscopia por cápsula endoscópica, foi desenvolvida no final da década de 90 e lançada para uso clínico no ano 2000. É um exame de imagem, em que o paciente ingere uma pequena filmadora do tamanho de um comprimido e é liberado para casa logo depois da ingestão, voltando ao consultório após 8 horas. Atualmente, o Instituto do Aparelho Digestivo de Brasília (IAD), clínica parceira do Hospital Anchieta, oferece o procedimento.
“Essa videocápsula se move através do tubo digestivo, impulsionada pelos movimentos peristálticos intestinais, e fará imagens a cada 0,5 segundo. As imagens realizadas pela cápsula são transmitidas por telemetria para os sensores que estarão fixados na parede do abdome. Esses sensores captam e armazenam essas imagens em um HD externo. Os dados captados no gravador são descarregados em um computador e analisados por software específico que o transforma em um vídeo digital para ser analisado pelo médico”, explica Julio Veloso, gastroenterologista e endoscopista do Hospital Anchieta.
A cápsula substitui os exames contrastados (trânsito intestinal), para avaliação da mucosa do intestino delgado, órgão que tem aproximadamente 7 a 9 metros de comprimento e se localiza entre o estômago e o intestino grosso. “Por ser um órgão muito longo e tortuoso, os exames endoscópicos convencionais não conseguem avaliá-lo e a cápsula veio preencher uma lacuna importante na sua avaliação. Várias doenças podem ser identificadas por meio deste exame, como angioectasias, úlceras e erosões por uso de anti-inflamatórios e tumores do intestino delgado, entre outras”, informa Veloso.
O exame é indicado principalmente para avaliação diagnóstica do sangramento digestivo de origem desconhecida, quando os exames de endoscopia digestiva alta e colonoscopia não conseguem identificara causa. “O exame também pode ser realizado para avaliação de paciente com doença inflamatória intestinal, quando se suspeita de doença de Crohn com acometimento do intestino delgado; avaliação de pacientes com síndromes poliposas; investigação de pacientes com doença celíaca que não responde ao tratamento convencional de restrição do glúten e também para investigação de alguns pacientes selecionados com dor abdominal crônica de origem não esclarecida”.
Benefícios: é um exame minimamente invasivo, não requer sedação, geralmente não causa qualquer desconforto e tem baixo índice de complicações.
Complicações: a principal complicação é a permanência da cápsula no intestino por mais de 2 semanas. Nesses casos a retenção é diagnosticada com a realização de radiografia convencional do abdome. Nos casos assintomáticos ela pode ser observada por alguns meses. Nos casos sintomáticos pode ser necessária a sua remoção através de endoscopia ou cirurgia.
Preparação: “é necessário fazer jejum de 12 horas. Nos dois dias anteriores à data do exame, orientamos o paciente a fazer uma dieta mais leve e incolor. Na véspera iniciamos o uso de simeticona para diminuir a quantidade de bolhas dentro das alças intestinais. Se o paciente estiver em uso de reposição oral de ferro, esse medicamento deverá ser suspenso alguns dias antes do exame”, conclui o especialista.
Fonte: Hospital Anchieta – 11.12.2015