Operar o paciente sem a necessidade de abrir o osso chamado esterno e com incisões muito pequenas de 5-8cm são algumas das grandes vantagens da Cirurgia Cardíaca Minimamente Invasiva
O cirurgião cardíaco, Dr Francisco Moreira Neto, que já utiliza a técnica há alguns anos para troca e plastia de válvulas cardíacas e aneurismas agora estende a técnica para os casos de revascularização do miocárdio, e as cirurgias para implante das válvulas mitral e aórtica sem parar o coração (e ter que desviar o sangue para uma máquina extracorpórea enquanto ocorre a cirurgia). Mesmo quando o paciente já tenha uma válvula artificial de cirurgias anteriores, essas cirurgias podem ser realizadas.
“A técnica é feita com o coração do paciente batendo, o que diminui o tempo cirúrgico, os riscos e garante uma recuperação muito mais rápida, com menor chance de infecção e retorno às atividades cotidianas em curto prazo, explica o cirurgião cardiovascular Dr. Francisco Moreira. Algumas podem ser inclusive realizadas totalmente por cateter sem necessidade de nenhuma incisão.
Duas cirurgias aconteceram no Hospital Sao Lucas de Ribeirão Preto este mês utilizando essas técnicas inovadoras.
“Um dos pacientes tinha angina instável e infarto recente e optamos pela Cirurgia para Revascularização de Miocárdio pelo método Minimamente Invasivo justamente para reduzir o risco, diminuir o trauma cirúrgico e acelerar a recuperação. Na MICS-CABG (nome em inglês para a técnica) tudo é feito através de uma pequena incisão submamária (de aproximadamente 8 a 10cm), no espaço entre as costelas, sem precisar serrar o osso esterno. Após a cirurgia, a cicatriz fica praticamente imperceptível, o que tem também um forte impacto na autoestima e recuperação psicológica, (pois não há aquela grande cicatriz estigmatizante de aproximadamente 30cm (que não há como esconder) como explicou o médico.
A mais recente foi o implante de uma válvula transcateter conhecida como valve-in valve (ViV), que é igual à TAVI, mas na posição mitral que foi realizada pela primeira vez em pacientes de Ribeirão Preto. Uma paciente de quase 80 anos com 2 cirurgias previas, insuficiência renal, fibrilação atrial (arritmia); bastante fragilizada e anticoagulada, com risco cirúrgico muito alto. A principal vantagem do procedimento é uma recuperação mais rápida e com menos restrições pós-operatórias. Esta paciente teve alta em apenas 4 dias e em suas palavras nem se comparou as cirurgias anteriores. “O tempo médio de recuperação da cirurgia convencional é de 60 dias, mas nas novas técnicas é de apenas 2 a 3 semanas.
A Cirurgia Minimamente Invasiva atualmente pode ser utilizada para praticamente todos os tipos de cirurgia, desde Revascularizações, Plastias e Implantes de Válvula além de Cirurgias Congênitas em adultos e Cirurgia Cardíaca Pediátrica. Com a miniaturização das incisões, o grau de agressão ao organismo se reduz, assim sendo a próxima etapa nessa escalada é a Cirurgia Robótica, que o Hospital São Lucas também já possui as condições de realiza-la já que tem um dos mais modernos sistemas robóticos do país.