Vacinas, Vacinas e Vacinas
Singulares sim, especiais jamais
- E quando teremos a vacina?
- Como assim “a vacina”? São várias vacinas.
- Sim, mas… certamente uma delas é “a vacina” e é essa que eu quero.
Se o diálogo soou familiar, bem-vindo ao clube dos que enfrentam todos os dias questões referentes à nossa incessante, e justificada, busca pelo melhor.
Desde que o planeta foi tomado de supetão pela pandemia causada pelo novo Coronavírus – SARS-Cov-2, que até o momento infectou 86.886.250 (oitenta e seis milhões oitocentos e oitenta e seis mil duzentos e cinquenta)1 pessoas, a humanidade iniciou a maior corrida de que se tem registro por uma solução estritamente científica, uma vacina. Gigantes farmacêuticas de diversas partes do globo se envolveram de maneira intensa com a possibilidade de desenvolver a solução que, supostamente, nos devolverá o mundo como o conhecíamos antes, ou pelo menos nos possibilitará viver um “novo normal”.
Como entre cientistas não existem verdades absolutas, grupos de pesquisa se engajaram com metodologias bastante distintas. Entre as técnicas e os procedimentos utilizados, é relativamente arriscado apontar quais renderão os melhores resultados. Assim, tudo o que podemos fazer é entender a ciência por trás de cada abordagem.
O laboratório chinês Sinovac – desenvolvedor da Coronavac, que vem sendo produzida no Brasil pelo Instituto Butantan – resolveu apostar na utilização do próprio vírus (SARS-Cov-2). Isto é possível por conta de técnicas de inativação que podem ser físicas ou químicas. O vírus inativado segue carregando informações que serão interpretadas pelas células com as quais interagir, mas perde o potencial de infectar estas células e, consequentemente, de promover o desenvolvimento da doença. A eficácia da Coronavac, divulgada no dia 7 de janeiro de 2021, é de 78%2.
Os esforços conjuntos de pesquisadores da Universidade de Oxford e do laboratório Astra-Zeneca, ambos ingleses, desenvolvedores da vacina ChAdOx1 nCoV-19, vão na mesma linha do trabalho desempenhado pelo laboratório russo Gamaleya, desenvolvedor da Sputinik V. Estas duas vacinas foram desenvolvidas por meio da utilização de vetores virais. A técnica consiste na utilização de um vírus geneticamente modificado para produzir proteínas virais nas células com as quais tiver contato e, dessa forma, induzir a produção de anticorpos. A vacina do consórcio Universidade de Oxford e laboratório Astra-Zeneca apresentou eficácia entre 90%2. A Sputinik V, do laboratório russo Gamaleya apresentou eficácia de 92%4.
Já o laboratório americano Moderna e o consórcio entre a gigante americana Pfizer e a startup alemã BioNTech optaram por investir esforços no desenvolvimento de vacinas genéticas, que funcionam por meio da utilização de material genético (RNA) que induz a produção de proteínas existentes no vírus pelo próprio corpo. Em resposta a estas proteínas, o sistema imunológico é estimulado a produzir anticorpos. Ambas as vacinas apresentaram eficácia de 95%5,6.
Agora que a informação já está a seu alcance, a pergunta que deve ser feita é: será que os dados apresentados são mesmo suficientes para que nós tenhamos preferência por esta ou aquela vacina?
O que sabemos até o momento é que a logística de distribuição é outro fator extremamente importante. Algumas vacinas precisam ser conservadas sob temperaturas baixíssimas, o que encarece e, desta maneira, elitiza a sua utilização, mas isso é assunto para outra conversa.
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Diego Nolasco, Coordenador Científico do Instituto Santa Marta de Ensino e Pesquisa (ISMEP) do Grupo Santa Marta
- COVID-19 Dashboard by the Center for Systems Science and Engineering (CSSE) at Johns Hopkins University (JHU). Acesso em 6 de janeiro de 2021. < https://coronavirus.jhu.edu/map.html >
- Sinovac’s Covid Shot Proves 78% Effective in Brazil Trial. Acesso em 7 de janeiro de 2021. < https://www.bloomberg.com/news/articles/2021-01-07/sinovac-covid-shot-78-effective-in-brazil-trial-folha-reports >
- Voysey M, Clemens SAC, Madhi SA, Weckx LY, Folegatti PM, Aley PK, Angus B, Baillie VL, Barnabas SL, Bhorat QE and others. Safety and efficacy of the ChAdOx1 nCoV-19 vaccine (AZD1222) against SARS-CoV-2: an interim analysis of four randomised controlled trials in Brazil, South Africa, and the UK. Lancet 2020.
- Sputinik V – The First Registered Covid-19 Vaccine. Acesso em 6 de janeiro de 2021. < https://sputnikvaccine.com >
- Vaccines and Related Biological Products Advisory Committee Meeting. December 17, 2020. FDA Briefing Document. Moderna COVID-19 Vaccine. Acesso em 6 de janeiro de 2021. < https://www.fda.gov/media/144434/download >
- Vaccines and Related Biological Products Advisory. Committee December 10, 2020. Meeting Presentation. Review of Efficacy and Safety of Pfizer-BioNTech COVID-19 Vaccine. Acesso em 6 de janeiro de 2021. < https://www.fda.gov/media/144337/download >