O câncer, a leucemia, o linfoma e tantas outras doenças do sangue são muito temidos. O diagnóstico costuma ser difícil, o tratamento quase sempre é muito mais. Tudo é cercado de medo e desconhecimento.
O transplante de medula óssea (TMO), que é o tratamento mais eficaz para mais de 10 tipos de doenças, ainda é cercado por uma “névoa” de apreensão. É uma técnica praticada no Brasil há menos de 40 anos e que também oferece riscos.
E como parte das comemorações dos 30 anos de TMO, o Einstein decidiu lançar um livro contando histórias de quem passou por isso.
A ideia nasceu de uma paciente, Dad Squarisi, jornalista e editora de Opinião do Correio Braziliense. Por conta do longo tempo de internação, ela pensou em unir aquilo que sabia fazer, escrever, com o fato de que a população tem sempre grande interesse em assuntos de saúde. Na ocasião, ela levou a ideia para o dr. Nelson Hamerschlak, coordenador do Serviço de Hematologia e TMO do Einstein, que, não só a apoiou como decidiu transformar essa coleta de histórias em um livro comemorativo.
Ao longo de três meses, Dad entrou em contato com pacientes e familiares num processo de convencimento, já que os depoimentos deveriam ser em primeira pessoa, e organizou as histórias. Em comum: medos, ansiedades e entusiasmo em fazer com que suas histórias pessoais ajudassem outros.
Segundo Dad, o primeiro objetivo é desmistificar a doença. Tirar o estigma de que se vai morrer. O segundo, incentivar as pessoas a buscar o tratamento mais cedo, aumentando suas chances de cura. “É preciso não ignorar sinais de alerta! Embora as doenças se manifestem de formas diferentes, é importante se conhecer, conhecer seu corpo e identificar sintomas de que algo está errado”, alerta a jornalista.
A organizadora ainda destaca um ponto importante no livro e que pode ser identificado nos 30 depoimentos colhidos: a confiança. Para Dad, a ciência está muito avançada e, para quem teve a chance de estar em um centro de referência como o Einstein, essa é uma mensagem que tem que ser dividida.
Ao longo das histórias descobrimos pacientes recentes, pacientes que já se curaram há muito tempo; pais que acompanham seus pequenos pacientes e pais que sofrem a saudade dos filhos que foram. Em todas, o sentimento de que a passagem os tornou seres humanos melhores.
Todos os depoimentos convergem para a mesma mensagem: a possibilidade de voltar seu olhar para a vida e agradecer as conquistas, por menores que pareçam.
Dad reforça “os depoimentos são belas lições de vida, sem glamour, sem fantasia. Apenas muita coragem”.