Tendência mundial, ultrassom portátil facilita diagnósticos de emergências cardíacas
Imagine uma situação em que palavras não traduzem sintomas. Se isto já é complicado, o que dizer quando está associada à emergência dentro de um hospital – e, mais do que isso, envolve um paciente “chocado”, com deficiência de suprimento sanguíneo aos órgãos e tecidos. Em casos como este, diagnosticar precisamente com agilidade – identificando as causas para a escolha do tratamento adequado – é primordial para contribuir para um desfecho exitoso.
Na cardiologia, tempo salva vidas. Tanto que, com o intuito de apoiar os médicos para um diagnóstico rápido e assertivo, novos recursos surgem constantemente na área – como as tecnologias em ecocardiografia, considerada uma modalidade de imagem não-invasiva, segura e ágil. É o que explica o responsável pela Unidade Coronariana (UCO) do Hospital Santa Rosa, o cardiologista Marcos Tenuta, em consonância com o Dia Mundial do Coração (29 de setembro).
“Na emergência, o ultrassom cardíaco (ecocardiograma) é um método muito recente, com cerca de 10 anos de aplicabilidade, mas que já foi incorporado nos países desenvolvidos. Pode-se considerar que a sua utilização na emergência é uma das situações que mais reduzem na atualidade as taxas de mortalidade nos hospitais. Ele facilita o diagnóstico de casos que variam desde um trauma abdominal fechado (sangue dentro do abdômen) até um tamponamento cardíaco (quando um líquido ao redor do coração restringe o enchimento cardíaco)”, comenta.
NA PALMA DA MÃO – Tenuta complementa que os avanços tecnológicos na área da ultrassonografia propiciaram a redução progressiva do tamanho dos aparelhos de ecocardiografia para dimensões pouco maiores que as de um smartphone, o qual pode ser carregado dentro do bolso de um jaleco – permitindo o uso rápido em um serviço de emergência, à beira do leito do paciente, tanto no Pronto Atendimento (PA) quanto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“A redução dos equipamentos portáteis, que chegam a caber na mão, facilitou a aplicação do ecocardiograma e influencia na conduta da emergência em até 70% dos casos. Por exemplo, o paciente chega ‘chocado’, o médico iria dar volume, mas com o ‘eco’ vê que não precisa. Em outra situação, o equipamento pode auxiliar na identificação de líquidos em locais anormais e, até mesmo, se é um caso de embolia pulmonar (quando as artérias ou veias do pulmão ficam obstruídas por coágulos). Situações difíceis de diagnosticar sem o recurso”, ressalta.
EDUCAÇÃO PERMANENTE – A incorporação de equipamentos portáteis de ultrassom ao ensino e treinamento médico já é uma realidade em Mato Grosso. Para ampliar o conhecimento e a formação integral desses profissionais, médicos residentes do Centro de Estudos Dr. Cervantes Caporossi contam com a capacitação, bem como com a tecnologia – que permite examinar e visualizar claramente órgãos e vasos sanguíneos do paciente durante um exame físico.
“Residentes de clínica médica, terapia intensiva e cardiologia aprendem a usar o ultrassom no Santa Rosa. Isto exige formação, com cursos de curta duração, mas que são capazes de treinar e preparar esses profissionais que trabalham (ou irão trabalhar) na emergência. Precisamos, cada vez mais, capacitar médicos intensivistas e emergencistas – ensinando-os a utilizarem o ‘eco’ para salvar vidas. Esta é uma tendência mundial”, pondera Tenuta.
ACREDITAÇÃO – Prestes a completar 20 anos, o Santa Rosa é o único hospital de Mato Grosso certificado pela Acreditação Canadense, nível Diamond – uma das principais certificações de qualidade em saúde no mundo. A instituição também é certificada em Excelência, Nível III, pela Organização Nacional de Acreditação (ONA).