Cuidar do fluxo de caixa deve ser prioridade para os hospitais

Especialistas alertam para a necessidade de alinhar resultado econômico com resultado financeiro e sugerem evolução nos modelos de remuneração para enfrentar desafios

Na última quinta-feira (04), aconteceu o primeiro debate da edição da Jornada Digital de abril, que neste mês vai abordar a eficiência operacional no setor hospitalar. No encontro, os especialistas convidados discutiram o tema “Gestão de fluxo de caixa nos hospitais: melhores práticas”, e concordaram que o setor de saúde passa por pressões financeiras severas. Nesse sentido, priorizar o caixa é uma providência indispensável para atravessar o período.

Carolina Dantas, diretora de Controladoria e Finanças do Sabará Hospital Infantil e conselheira fiscal da Anahp, destacou que após a pandemia houve uma grande mudança no fluxo financeiro e a desproporção entre os prazos de pagamento e recebimento dos hospitais é cada vez maior. “Muitas das nossas obrigações são pagas em 30 dias e os recebimentos só acontecem a partir dos 90 dias. Isso é um problema sério para o caixa”, avaliou.

Para ela, uma das prioridades da gestão hospitalar atualmente é fazer com que o resultado econômico seja compatível com o resultado financeiro. “As receitas efetivas devem estar alinhadas com os valores e prazos das notas fiscais que estamos emitindo. Além disso, é importante ter clareza sobre o que é realmente um recebível e o que será perda”, explicou.

Ana Elisa Tancredo de Assis, superintendente de planejamento e Consult do Hospital Israelita Albert Einstein, contou que utiliza a estratégia de se aproximar de outras áreas da instituição para cuidar do fluxo de caixa. “Trabalhamos com o comercial em simulações para ajustar as condições dos novos negócios e estamos sempre juntos da equipe de suprimentos para buscar as melhores compras e combater desperdícios”, relatou.

Rodrigo Cestari, CFO e diretor de Novos Negócios do Hcor, alertou que implementar uma cultura de caixa é difícil, sobretudo entre as equipes assistenciais, mas deve ser prioridade para as organizações. “Aqui falamos todos os dias sobre fluxo, reavaliamos as projeções e ressaltamos sem parar a importância da liquidez”, disse. Em sua opinião, os hospitais inclusive devem considerar o caixa nas políticas de remuneração, como o PLR. “Não são apenas lucro e EBTIDA que fazem o resultado”, analisou.

Perguntados sobre o que seria uma medida disruptiva para superar os desafios atuais do fluxo de caixa, todos apontaram para uma evolução nos modelos de remuneração. “Precisamos oxigenar esse formato”, recomendou Assis. Dantas foi além e afirmou que disruptivo de verdade seria acabar com a glosa. “Vejam a quantidade de energia e dinheiro gastos no processo de apuração, ajustes em cobranças e pagamentos, recursos e prazos alongados. Tudo isso poderia estar sendo empregado, de fato, na saúde”, finalizou.

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais

O debate “Gestão de fluxo de caixa nos hospitais: melhores práticas” teve a participação de Ana Elisa Tancredo de Assis, superintendente de planejamento e Consult do Hospital Israelita Albert Einstein; Carolina Dantas, diretora de Controladoria e Finanças do Sabará Hospital Infantil e conselheira fiscal da Anahp; e Rodrigo Cestari, CFO e diretor de Novos Negócios do Hcor. A moderação foi feita por Marcelo Coli, diretor-executivo de Planejamento e Finanças da Rede Santa Catarina e conselheiro fiscal da Anahp.

Confira os outros debates da Jornada Digital de abril e programe-se:

  • 11/04, às 10h – Modelos de remuneração que garantem bons desfechos assistenciais e financeiros
  • 18/04, às 10h – Eficiência operacional: cases de colaboração entre indústria e hospital
  • 25/04, às 10h – Tecnologia associada a suprimentos em favor da eficiência operacional
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