Modelo assistencial integrado é a chave para melhorar a qualidade do setor de Saúde e a sustentabilidade dos sistemas

Participantes da primeira palestra de hoje (19) do Conahp2021 defendem a união, de maneira coordenada, entre os diferentes elos da cadeia e o encaminhamento adequado de pacientes para diferentes centros de cuidado

No segundo dia do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), que tem como tema “Saúde 2030: Desafios e Perspectivas”, Cristian Baeza, diretor-executivo do International Center for Health Systems Strengthening (ICHSS), Eugênio Vilaça, consultor do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS) e Maurício Lopes, vice-presidente executivo da Rede D’Or São Luiz, debateram a “Construção do modelo assistencial integrado que gera valor para o paciente e para o sistema”, com a moderação de Ary Ribeiro, CEO do Sabará Hospital Infantil. Os participantes foram unânimes sobre a necessidade da implementação de mudanças capazes de criar um ecossistema de saúde que vai trazer benefícios para pacientes, empresas e governo.

Para explicar a origem da necessidade de transformação, Baeza destacou o envelhecimento da população e a pandemia das doenças não-comunicáveis, que incluem o câncer, problemas cardiovasculares e diabetes, por exemplo, os avanços na tecnologia e na prática clínica, o volume de casos de alta complexidade e a transformação do paciente em consumidor. Segundo o especialista, em um primeiro momento, entre os anos 1980 e 2000, a resposta do setor hospitalar para a nova demanda foi compartilhar riscos de pagamento com o provedor, reduzir leitos, encaminhar o paciente não-emergencial para o ambiente ambulatorial, otimizar processos administrativos e investir em grupos corporativos.

A partir de então, os hospitais caminharam para uma nova fase: a de criar valor na área de saúde. Essa fase inaugurou uma nova percepção acerca dos hospitais, que passaram a ser redes integradas focadas no bom desempenho. Com a transição, o foco passou a ser a prevenção de doenças em vez do tratamento, o que alterou também os modelos de pagamento. “Saímos para um modelo de Accountable Care Organization (ACO), uma organização voluntária de fornecedores, que vai oferecer diferentes aspectos do cuidado, baseada na atenção primária e no monitoramento dos pacientes, reduzindo custos da assistência em geral. Tentamos prevenir em vez de remediar. Fazendo mais, a gente gasta mais, fazendo menos, a gente gasta menos, mas temos que aprender onde fazer mais e onde fazer menos”, explica Baeza.

Acompanhando as transformações da sociedade e do mercado, Lopes revela que a Rede D’Or já implementou diversas mudanças em suas unidades e reconhece os benefícios, entretanto, ressalta que ainda há desafios a serem superados, para o sucesso dos novos modelos assistenciais. “Prevenção é a chave, mas o paciente e os profissionais de saúde não vão se engajar como imaginamos. Por isso, nós temos que insistir. Vamos nos desentender diversas vezes com os vários stakeholders, mas temos que ter resiliência e focar no longo prazo”, defende.

Segundo Vilaça, apenas trabalhando de modo integrado e coordenado é que as melhorias serão concretizadas e a população terá acesso à assistência de saúde com qualidade. “Há um descompasso entre o sistema que praticamos e a situação de saúde da população. É preciso passar de um sistema fragmentado para um organizado em redes, que integra atenção primária, ambulatorial especializada e hospitalar, que se volta para doenças crônicas e agudas, que cuida não apenas do indivíduo, mas da população, e no qual o sujeito deixa de ser paciente para ser o agente dos cuidados com a sua saúde”, finaliza.

 Serviço:

Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp 2021)
Tema: Saúde 2030: Desafios e Perspectivas
Data: 18 a 22 de outubro
Inscrições: https://conahp.org.br/2021/

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