Eficiência no fluxo financeiro impacta na qualidade da assistência e exige investimento para lidar com burocracia e complexidade do processo
O ciclo de faturamento não é uma ação direta da assistência, mas tornou-se uma prioridade para a operação hospitalar em razão da necessidade de sustentabilidade econômica. Neste cenário, avaliou Laudo Moreira, coordenador de Controladoria do Hospital Israelita Albert Einstein, o exercício de negociar contratos, registrar, cobrar e receber débitos, mesmo se tratando de uma área de backoffice, “acaba impactando os pacientes”.
Esse foi o assunto da discussão em mais uma edição do tradicional Café da Manhã Anahp, dessa vez em parceria com a Bionexo, que abordou o tema “Oportunidade de melhoria no ciclo de receita e redução de glosas: sim, é possível!”. Os especialistas presentes destacaram que a questão é muito sensível no setor de saúde por conta de um fluxo complexo, burocrático e, às vezes, conflituoso, sobretudo na relação com as operadoras de planos de saúde.
“Sabemos que 11% das glosas [recusa de pagamento ao hospital por parte das operadoras] são indevidas”, disse o gerente executivo de Ciclo de Receita na Bionexo, Felipe Bispo, citando estudo da Anahp. Felipe Scampini, diretor de Ciclo de Receita na Bionexo, citou as glosas administrativas “que normalmente não têm uma razão objetiva”. Bispo acrescentou que 76% de todas as ocorrências têm motivos vagos ou insuficientes.
Nesse sentido, Scampini ressaltou que a falta de transparência nos dados e falhas na comunicação são a origem da maior parte das dificuldades. “A gestão da informação é a principal dor desse processo”, disse. Ele admitiu que existem problemas estruturais, fora do alcance dos hospitais, como a obrigatoriedade não cumprida de todas as operadoras manterem um web service, mas que é necessário buscar medidas para mitigar esses obstáculos.
Na opinião do diretor, a solução passa principalmente por incorporação de tecnologia ao processo, numa evolução em que robôs passam a atuar na integração dos sistemas e conferência das informações “fazendo o trabalho braçal”. Renata Almada, coordenadora de Finanças do Hospital Israelita Albert Einstein, contou que hoje a sua organização ganhou “muita eficiência no ciclo de receita por conta da robotização e inovações em toda a jornada. Mas, ainda assim, não eliminamos as glosas”, afirmou.
Scampini detalhou toda essa jornada, demonstrando que as complicações podem começar no acordo comercial e no contrato. Em seguida, passando pela autorização, faturamento, conciliação e o recurso de glosas, “que cada operadora faz de um jeito diferente”. “A tecnologia é imprescindível para que o processo flua sem perdas de informações e ofereça automação e escalabilidade”, completou.
Na conclusão, ele deixou uma questão em aberto. “Será que esse ciclo está preparado para o rol exemplificativo ou isso vai ser mais um indicativo de glosa?”, perguntou. E ressaltou mais uma vez a necessidade de investimentos para solucionar essas dificuldades tão comuns na saúde suplementar. “Porque no final o maior prejudicado é sempre o beneficiário”, finalizou.
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