Pode ser brega. Pode ser clichê. Mas, o encerramento de ciclos nos induz naturalmente à reflexão: quais foram as nossas realizações? Fizemos por merecer o tempo que nos foi dado? Quais efeitos reverberaram de nossas ações? E para nós, que assumimos uma responsabilidade de gestão e liderança, que diferença fizemos na trajetórias das pessoas?
Quando nos questionamos com a intenção verdadeira de descobrir essas respostas, atribuímos um significado real à virada do calendário. Entendemos e aceitamos que temos um papel a cumprir em todas as dimensões da vida, que, somadas, nos tornam inteiros.
Então, antes que o ano termine, listei algumas perguntas que devemos nos fazer em cada uma dessas esferas:
Pessoal
O corpo físico é a máquina biológica pela qual existimos nesse planeta. Por isso, precisamos questionar: cuidamos de nossa saúde com a prioridade que ela merece? Fizemos os exercícios que tínhamos de fazer? Elaboramos nossa alimentação com a mesma atenção que dedicamos a lapidar nossa aparência? Junto a isso, refinamos nossa alma e nossos pensamentos? Devemos espaço às reflexões que precisavam ser realizadas? Lemos bons livros? E, por fim, cabe-nos saber se zelamos por nossos corações. Respondemos com amor e atenção àqueles que merecem isso de nós?
Política
Na Grécia antiga, uma palavra passou a definir aquelas pessoas que demonstravam nenhum interesse e engajamento nos assuntos públicos. Esse termo era “idiotes”. A raiz “idio” significa próprio, indicando a preocupação do indivíduo somente com sua existência particular. Não preciso dizer a carga que essa expressão passou a carregar nos dias de hoje. O que quero dizer é que não podemos nos comportar como partes isoladas de um organismo que afeta cada um de nós, ou debater apenas assuntos triviais. Então, o questionamento aqui é: exercemos a cidadania? Participamos politicamente de uma maneira adequada, equilibrada e vislumbrando o próximo, não apenas defendendo posicionamentos absolutamente ideológicos? Contribuímos ativamente para as discussões, sem radicalismos?
Comunitária
De que forma atuamos em nossa comunidade? Doamos voluntariamente o nosso tempo e o que melhor podemos oferecer em prol do coletivo? Agimos com educação, polidez e carinho no trânsito e em qualquer circunstância de tensão e intolerância? No papel comunitário do indivíduo, falamos de solidariedade, civilidade e, ainda, gentileza. Falamos de vida com propósito.
Familiar
Se, no âmbito profissional, nos dedicamos em troca de recompensas de diversas naturezas, no plano familiar, por outro lado, fazemos justamente o contrário: damos tudo em troca de nada – às vezes, nem mesmo reconhecimento. Precisamos ser generosos, trocar informação, dar espaço. Isso é amor. Da experiência de família nascem todas as boas ações que replicamos da porta de casa para fora. Além disso, é aqui que devemos pensar: que legado estou deixando? No ano que passou, fui capaz de adicionar mais um tijolo a essa obra?
Empresarial
A empresa que você representa teve êxito nos objetivos que desenhou? Obteve resultado? Você contribuiu para a implementação de novos e melhores processos? Fez a diferença para a organização, de forma a torná-la mais capaz de compartilhar riqueza e realização com todo o time? Você trabalhou nela e por ela? Tão importante quanto todas as outras esferas, a responsabilidade empresarial reforça o sentido de nossas ações.
Liderança
As perguntas, aqui, são muito simples e as respostas, aparentes. Como líder, você conseguiu tornar a organização um espaço de desenvolvimento pessoal e coletivo? Identifica melhoria no padrão das pessoas? Elas estão comprometidas? Foram conquistadas pelas ideias que você apresentou? Elas estão felizes? Se você ainda tiver dúvidas, pode analisar se é bem vindo na festa de fim de ano.
Que 2018 seja um ciclo de mais tolerância, lucidez e boas atitudes para todos nós.