Ética impulsiona a sustentabilidade da saúde

Nos últimos anos, em meio a crises políticas, econômicas e institucionais, o Brasil discutiu intensamente sobre ética, sobre os valores e condutas que são importantes para o desenvolvimento da sociedade. E o setor de saúde não ficou alheio a esse questionamento. Sensível a essa movimentação, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) escolheu a ética e a sustentabilidade da saúde no Brasil como tema central do Congresso Anual de Hospitais Privados (Conaph), que ocorrerá de 16 a 18 de novembro em São Paulo, SP. Superintendente de Serviços Ambulatoriais e Comercial do Hospital do Coração  e presidente do Comitê da Comissão Científica do Conahp 2016, Ary Ribeiro falou ao Portal länk sobre como as posturas éticas podem ser benéficas e contribuir com a viabilidade do sistema de saúde.

De que forma a ética pode impulsionar a sustentabilidade do sistema de saúde?

As práticas ancoradas na ética levam ao melhor uso dos recursos disponíveis e ao melhor relacionamento entre pacientes e instituições. Também auxiliam as organizações a desenvolver modelos de governança e a população a fazer escolhas mais conscientes, considerando a aplicação desses recursos. Contribuem com a redução do desperdício, com o estabelecimento  de boas práticas de relação  entre instituições, equipe assistencial e fornecedores; boas práticas de relacionamento entre prestadores de serviço e financiadores; boas práticas no julgamento do acesso ao serviço. Contribui até com as boas práticas para utilização de serviços e recursos por parte do usuário.  Uma das sessões do congresso discute exatamente isso, se existe uma irresponsabilidade no uso do sistema ou se é o próprio sistema que induz o indivíduo a usar mal. Vamos debater todos esses conceitos.

No caso específico do Brasil, a adoção de posturas mais éticas passa pela mudança do modelo de remuneração dos serviços de saúde?

Quanto ao modelo de remuneração, podemos colocar da seguinte forma: um sistema grande, pautado pela prática ética, se propõe a entregar o melhor para o paciente ao menor custo possível. A isso se dá o nome de entrega de valor, entendendo valor não em termos de caro ou barato, mas sim do que isso representa para o paciente e o quanto custou. Um sistema com relações éticas adequadas tem esse objetivo de entrega de valor. Assim, o modelo de pagamento é apenas uma ferramenta, o que tem de se sobressair é a ideologia que move essa ferramenta.

Os profissionais de saúde, em geral, têm uma agenda corrida e enfrentam a necessidade de se atualizar constantemente.  Nesse cenário, há espaço ou interesse para a discussão de ética?

É preciso haver uma análise crítica sobre a formação dos profissionais. Nas escolas de Medicina, ainda se formam profissionais para atuar sozinhos, e esse é um ponto de atenção. Existem iniciativas para modificar isso, para formar líderes mais adaptados a trabalhar de maneira mais integrada. Temos a obrigação de promover isso em nossos dia a dia, pois o cuidado não se realiza sem um trabalho em time. O médico pode exercer a liderança técnica, mas não isoladamente. Creio que a postura ética auxilia na consolidação de novas formas de relacionamento.

Além do Congresso, a Anahp tem outras iniciativas para estimular o debate sobre ética?

A Anahp tem um compromisso muito sério com a qualidade e segurança na saúde, e suas iniciativas que corroboram isso. Há grupo de trabalho específico, envolvido com a implementação de um sistema de compliance para as instituições, que apresentará resultados práticos durante o congresso.   Além disso, o Instituto Ethos aplicou a Pesquisa Ética e Integridade em parceria com a Anahp aos associados titulares da instituição. Isso demonstra que a Anahp se compromete efetivamente com essas questões, e tem uma prática coerente com a temática do congresso. Aliás, quem sabe no futuro não desenvolvemos um modelo anual de integridade em parceria com o Instituto Ethos?

Fonte: Portal Länk
Data: 14/11/2016

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