Padronização na linguagem, tratamento aos sucedidos e conscientização sobre o desenvolvimento da carreira são desafios para programas de sucessão que devem estar alinhados à estratégia do negócio
As transformações e os movimentos de mercado no setor de saúde multiplicaram a importância da sucessão das lideranças nas instituições, de acordo com os especialistas que participaram da primeira edição do Anahp Ao Vivo Jornadas Digitais – Gestão de Pessoas.
Telma Santos, gerente executiva de Pessoas da Rede Mater Dei de Saúde, afirma que esse processo bem-organizado foi indispensável para apoiar o crescimento da empresa. “Se não estivéssemos preparados nesse sentido teríamos enfrentado muitas dificuldades para expandir no ritmo que estamos expandindo”. Para Emanuel Araújo, head de Gente e Gestão do Kora Saúde, “sucessão é questão de sobrevivência do negócio”.
Linguagem padronizada
Eduardo Barbieri, sócio da Weplace, destacou que a maioria das companhias, em todos os setores, ainda funciona com um modelo de gestão em que “os executivos sentem necessidade de ficar à frente do negócio por muito tempo”. Para enfrentar esse cenário de “restrição ao desenvolvimento da sucessão” e facilitar outras estratégias da gestão de pessoas, ele propõe, de início, padronizar a linguagem.
“Temos enfoques diferentes para definições iguais. Quando falamos que ‘fulano é focado em resultados’, por exemplo, pensamos em critérios diferentes”, ilustrou Barbieri. De acordo com o executivo, é preciso unificar as abordagens para que os colaboradores, inclusive a direção, entendam o que o RH está propondo e fazendo.
Tratamento aos sucedidos
Telma colocou outra questão pouco abordada na sucessão. “Precisamos aprender mais sobre como tratar quem vai ser sucedido”. Araújo, do Kora Saúde, concordou e acrescentou que essa questão é ainda mais relevante nas operações de aquisição, quando proprietários e executivos antigos deixam a direção do negócio. “Integrar esses profissionais é complexo, mas é preciso aprender com os sentimentos e as resistências deles”, afirma.
Para Barbieri, o sucedido deve ter oportunidades para seguir a carreira. “É interessante sentar e conversar sobre novos desafios e convencer que existe um pós-carreira”, recomendou. “Muitas vezes ele resiste em deixar o cargo porque não se vê fazendo outra coisa”, completou.
Preparação dos sucessores
Passando ao sucessor, Araújo revelou que o Kora aposta em um programa robusto de trainees que coloca novos profissionais desde cedo ao lado dos líderes, o que favorece a formação dos jovens e estimula a direção. “Eles têm uma abordagem de crescimento acelerado e visão ampla de mercado”, contou. Telma acrescentou que a Mater Dei também investe em um programa de mentoria para modelar os perfis. E Barbieri lembrou que a função de mentor, aliás, é bem apropriada para os sucedidos.
Na Rede Mater Dei, mais de 70% das promoções ocorrem dentro da equipe, mas a gerente executiva da Pessoas do grupo entende que buscar sucessores no mercado também é uma boa estratégia. “Muitas vezes é necessário o olhar externo e novas competências para inovar e oxigenar o ambiente”, afirmou Telma. Já Raquel Oliveira, coordenadora do GT de Gestão de Pessoas da Anahp e gerente de Gestão Estratégica de Pessoas no Hospital Albert Sabin (MG), lembrou que independentemente dos desenhos, o programa de sucessão precisa estar alinhado com a estratégia do negócio.
Desenvolvimento da carreira
Se é fundamental a ação do RH para sistematizar a sucessão das lideranças, os especialistas concordaram que é ainda mais importante que os profissionais estejam empenhados no desenvolvimento da própria carreira. “Quem constrói a carreira é o colaborador e não o RH”, esclareceu Araújo. Telma reforçou que “a pessoa precisa se comprometer com o desenvolvimento profissional”. E Raquel finalizou: “Uma pessoa que delega a própria carreira não pode ser líder”.
Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais – Gestão de Pessoas
O webinar “Sucessão de liderança” teve a participação de Eduardo Barbieri, sócio da Weplace, Telma Santos, gerente executiva de Pessoas da Rede Mater Dei de Saúde e Emanuel Araújo, head de Gente e Gestão do Kora Saúde. A moderação foi feita por Raquel Oliveira, coordenadora do GT Gestão de Pessoas da Anahp e gerente de Gestão Estratégica de Pessoas no Hospital Albert Sabin (MG).
O encontro aconteceu dentro do projeto “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais”, uma série de eventos online, temáticos e gratuitos, que semanalmente vão reunir especialistas para debates relevantes. O próximo debate da jornada de “Gestão de Pessoas” está previsto para o dia 12 de abril com o tema “Atração e retenção de talentos vs. carreira em Y”. Inscreva-se gratuitamente.