Os desafios para moldar a cultura de segurança do paciente

Mudanças têm que fazer sentido para os colaboradores e a alta liderança deve demonstrar a prioridade da cultura de segurança nas decisões do dia a dia

Na última terça-feira (02/02), a Anahp retomou o projeto Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais e vai apresentar o tema Melhores práticas assistenciais em fevereiro. Na primeira edição, a discussão girou em torno do tema “Cultura de segurança do paciente: desafios para implementação“.

Victor Grabois, presidente da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp), destacou que é necessário distinguir cultura de protocolos. “Cultura não é algo que podemos simplesmente implementar, ela tem que ser desenvolvida e absorvida pelos colaboradores. Temos que criar uma percepção, um clima”, definiu.

Em linha semelhante, Maria Carolina Moreno, fundadora do Portal Qualificação, utilizou o termo “moldar”. “As empresas já possuem cultura, mesmo que sejam ruins e tenham sido criadas espontaneamente. Nossa missão é moldar o que existe de acordo com os valores e objetivos da organização”, explicou.

Daniela Menezes, gerente de Qualidade e Segurança do Paciente na Rede Santa Catarina, ressaltou que o primeiro desafio para desenvolver ou moldar a cultura de segurança do paciente é tornar o assunto palpável. “O conceito muitas vezes vai parecer completamente abstrato, então é preciso deixar claro para todos o que está sendo discutido”, avaliou. Nesse sentido, os debatedores concordaram que é indispensável trabalhar os porquês e garantir que as mudanças façam sentido para as equipes.

Na opinião dos especialistas, o fator humano está no centro da questão. “Por isso, temos que ir além da padronização e trabalhar comportamentos. Temos que buscar atitudes diferentes”, colocou Moreno. E Grabois considerou que o ponto de partida para esse objetivo é cuidar da segurança psicológica dos profissionais. “Eles devem se sentir seguros para falar sobre as falhas e os erros, sabendo que a cultura privilegia o aprendizado e não a punição”, concluiu.

Menezes acrescentou a necessidade de trabalhar a comunicação não violenta, pois, segundo ele, “até a linguagem não verbal pode intimidar as pessoas” de ter uma abordagem mais empática e esclarecer o que é aceitável ou não, ou seja, distinguir o erro deliberado da falha sistêmica. “Além disso, deve ficar claro que todo mundo é responsável pela segurança de todos e que isso é a prioridade, inclusive acima das metas operacionais e financeiras”, afirmou.

Para construir esse ambiente, os convidados concordaram que é fundamental o engajamento da alta liderança. “A cultura de segurança do paciente deve fazer parte da cultura da empresa”, reforçou Grabois. Menezes destacou que trata-se de um pilar estratégico e é papel da direção “definir, pactuar e comunicar esse valor organizacional”. “E, mais do que escrita e divulgada, a cultura tem que ficar clara nas decisões do dia a dia”, finalizou.

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais

O debate “Cultura de segurança do paciente: desafios para implementação” teve a participação de Daniela Menezes, gerente de Qualidade e Segurança do Paciente na Rede Santa Catarina, Maria Carolina Moreno, fundadora do Portal Qualificação, e Victor Grabois, presidente da Sobrasp. A moderação foi feita por Wania Baia, diretora assistencial no Hospital Sírio-Libanês.

No próximo dia 09 de fevereiro, o “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais” traz o tema A importância do processo de disclosure para a segurança do paciente. Inscreva-se aqui!

O “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais” é uma série de eventos online, temáticos e gratuitos, que semanalmente, dentro de um mês, reúne especialistas para debates relevantes para o setor saúde.

Compartilhe

Você também pode gostar: