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O câncer e a mulher

A estimativa mundial para 2015 é que ocorram cerca de 14,1 milhões de casos novos de câncer, com um número aproximado de 8,2 milhões de óbitos. Para o Brasil, estima-se que surjam cerca de 576 mil novos casos da doença, incluindo câncer de pele.

Nas mulheres, a previsão é de 274 mil novos casos. Liderando essa estatística, está o câncer de pele representando cerca de 83 mil casos, com baixa taxa de mortalidade e cura cirúrgica na maioria dos casos, quando tratado apropriadamente e em fase inicial. Em 2° lugar, está o câncer de mama, com estimativas de 57 mil novos casos, sendo 12 mil desses evoluirão para o óbito. E, em seguida, os cânceres de cólon e reto com 17 mil novos casos, colo uterino com 15 mil, pulmão com 11 mil e câncer de tireóide com 8 mil. Para a OMS, em 2020, o câncer será a principal causa de morte das mulheres. Atualmente, ele representa 16% de todos os óbitos de mulheres no Brasil, superado apenas pelas doenças cardiovasculares.

O câncer de mama é o que mais acomete as mulheres em todo o mundo. Em 2012, cerca de 1,67 milhões de novos casos da neoplasia surgiram no mundo, representando 25% de todos os tipos de câncer diagnosticados nas mulheres. É a segunda causa de morte por câncer nos países desenvolvidos, atrás apenas do câncer de pulmão, e a maior causa de morte por câncer nos países em desenvolvimento. Nos últimos 40 anos, a sobrevida vem aumentando nos países desenvolvidos, alcançando 85% em cinco anos, enquanto, nos países em desenvolvimento, permanece entre 50% e 60%.

Alguns fatores de risco são bem conhecidos como o envelhecimento, fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar, consumo de álcool, excesso de peso, sedentarismo, exposição à radiação ionizante e alta densidade do tecido mamário. Apesar de ser considerado um câncer de bom prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade continuam elevadas no Brasil, provavelmente porque a doença ainda é detectada em estágio avançado. A sobrevida em um, cinco, dez e 20 anos, em países desenvolvidos, como a Inglaterra, é de 95,8%, 85,1%, 77% e 64% respectivamente. Já no Brasil, um estudo do Instituto Nacional de Câncer – Inca apresentou para o câncer de mama uma sobrevida de 80%. Amamentação, prática de atividade física e alimentação saudável, com a manutenção do peso corporal, estão associadas ao menor risco de desenvolver esse tipo de câncer. Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados pelas medidas citadas. No Brasil, a mamografia bienal para mulheres entre 50 a 69 anos e o exame clínico das mamas, anualmente, a partir dos 40 anos é recomendado pelo Ministério da Saúde para a detecção precoce, em mulheres com risco padrão. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mamografia seja realizada, anualmente, a partir dos 40 anos.

Há dois pilares para detecção precoce do câncer: educação para promoção do diagnóstico precoce e rastreamento. O reconhecimento de possíveis sinais do câncer leva ao diagnóstico precoce. Sintomas ou sinais como nódulos, feridas que não cicatrizam, tosse, sangramento anormal, indigestão persistente, febre de causa não determinada, suores noturnos e emagrecimento levam a suspeita de câncer. O diagnóstico precoce, por meio do rastreamento, é particularmente relevante em cânceres como o de mama, colo uterino, boca, laringe, cólon e reto e pele. O rastreamento refere-se aos exames simples na população sadia para identificar aqueles que tenham a doença, mesmo que ainda não tenham os sintomas. Por exemplo, o rastreamento do câncer de mama com a mamografia anual nas mulheres acima de 40 anos, e o de colo uterino com o exame citológico anual. Outros rastreamentos como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e retossigmoidoscopia, anualmente, acima de 50 anos para câncer colorretal, podem levar a redução de até 33% na mortalidade desse tumor.

Enaldo Lima – Médico e coordenador do Serviço de Oncologia da Rede Mater Dei de Saúde

Henrique Moraes Salvador Silva – médico, coordenador do Serviço de Mastologia e presidente da Rede Mater Dei de Saúde

Sálua Calil – ginecologia oncológica da Rede Mater Dei de Saúde

Fonte: Hospital Mater Dei – 19.03.2015

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