Este conteúdo é de autoria de um hospital associado à Anahp

Nova técnica endovascular revoluciona o tratamento de aneurismas gigantes ou complexos

A Neurocirurgia Intervencionista, do Serviço de Hemodinâmica, já começou a utilizar no Hospital Monte Sinai um dos mais modernos procedimentos endovasculares para o tratamento de aneurismas gigantes ou complexos. O neurocirurgião Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva implantou num paciente o stent diversor de fluxo, cujo nome comercial é Pipeline®. “Este tipo de stent trata aneurismas e doenças vasculares no intuito de reconstruir os vasos e não simplesmente fechar o aneurisma. Esta é a tendência do futuro”, avalia ele, que aposta na evolução dos materiais empregados na técnica para resolver justamente o fator predispontente do aneurisma, que são vasos doentes.

O Pipeline® é um tubo de metal flexível, de malha trançada, que se molda à artéria, fortalecendo a sua parede e dificultando a entrada e a saída de sangue no interior do aneurisma. Ele tem mais metal que o stent normal, direcionando o fluxo de sangue no interior do vaso. O sangue continua fluindo pelo aneurisma, mas de forma lenta (veja o vídeo). O objetivo é que o aneurisma vá “trombosando” e fechando de fora para dentro, até tocar no stent. Quando isso acontece se consegue a reconstrução do vaso. Na técnica convencional endovascular se coloca micromolas no aneurisma para impedir o fluxo e tentar evitar seu rompimento, mas se houver mais áreas frágeis no vaso podem ocorrer novos aneurismas ou ter outros tipos de complicações. “Com o Pipeline®, deixa-se de tratar o resultado de uma artéria doente, para se reconstruir o vaso como um todo”, enfatiza Carlos Eduardo.

Ele pondera, no entanto, que a técnica ainda não é para todos os tipos de aneurisma, e tem sido indicada para os mais difíceis e apenas aneurismas não rotos. Atualmente, ela está indicada para o chamado aneurisma gigante – aquele em que todo o vaso já está deformado -, ou o complexo, com vários aneurismas num mesmo segmento, sendo o tipo em que o vaso está doente como um todo. Os aneurismas grandes têm alto índice de mortalidade e complicações de tratamento, em torno de 15%, explica Carlos Eduardo. Tanto na intervenção cirúrgica quanto nas técnicas endovasculares convencionais (com as micromolas), o procedimento pode precisar de vários tipos de intervenções, às vezes necessitando de muitas molas. Com o Pipeline®, com um só procedimento tenta-se resolver o mais importante, que é a reconstrução do vaso.

Diagnóstico, evolução e resultados

Casos de emergência, como rompimento do aneurisma, não são indicação para o stent diversor de fluxo, que exige um tratamento de antiagregação prévia (que visa ralear o sangue, reduzindo a ação das plaquetas. E a opção pela técnica é muito seletiva, inclusive por parte do fornecedor. A maioria dos diagnósticos partem de tomografia ou ressonância convencionais para estudos de sintomas variados que identificam o aneurisma antes dos sintomas, chamados incidentais. Também pode ser um tipo de aneurisma com efeito tumoral, que é tão grande que começa a comprimir o nervo da visão, por exemplo, ou provoca dores de cabeça. Mas, em geral, são assintomáticos, “são achados de exames”.

Do ponto de vista de resultado, têm 93 a 95% de chance de cura. Mas exigem acompanhamento de longo prazo. Esta estatística está prevista para a evolução de casos após um ano do tratamento. “Não se coloca o stent e está resolvido. É preciso esperar a maturação, para que o aneurisma vá coagulando até fechar. Nos outros 5% dos casos, pode ser preciso colocar outro stent, explica Carlos Eduardo.

O neurocirurgião explica que o stent Pipeline® tem algumas particularidades. Seu tamanho é variado, sendo escolhido o que for adequado para cobrir a área do vaso a ser reconstruída. “Já estamos perto de começar a usar uma segunda geração deste tipo de stent. Quando tirarem o peso do material, vão tirar as complicações em relação ao procedimento, e vamos resolver o problema do vaso doente nos casos menos graves também. Na minha visão, este é o futuro do tratamento endovascular”, completa Carlos Eduardo Amaral.

Fonte: Hospital Monte Sinai – 29.10.2015

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