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Equipe de Cardiologia do Hospital Santa Rita realiza procedimento inédito no Espírito Santo

Denominado Embolização Septal com Ônix, o procedimento foi usado para tratar hipertrofia do coração

Uma hipertrofia (espessamento excessivo) do músculo do coração foi tratada de forma inédita no Espírito Santo, por meio de um procedimento minimamente invasivo denominado Embolização Septal.

O procedimento foi realizado pela equipe do cardiologista Renato Serpa, no último sábado (09/10), no Hospital Santa Rita. A paciente tem 83 anos, possui uma vitalidade invejável, segundo o médico, e já recebeu alta hospitalar.

De acordo com o cardiologista, a paciente apresentava uma doença genética chamada Cardiomiopatia Hipertrófica na forma obstrutiva, ou seja, um crescimento da parede do músculo cardíaco que afetava a região do septo interventricular que separa o ventrículo esquerdo do direito, para que não haja mistura de sangue venoso (pobre em oxigênio) com o arterial (rico em oxigênio).

“O septo, que normalmente possui menos de um centímetro de espessura, estava bastante crescido e obstruindo a saída de sangue do coração para ser distribuído pelo corpo. Além disso, também comprometia o funcionamento da válvula mitral que não fechava completamente. Quando o coração batia para bombear o sangue, o fluxo era dificultado porque encontrava uma barreira na área aumentada pelo espessamento e refluía para trás, para dentro do átrio esquerdo.”, explica Serpa.

Essa hipertrofia causa sintomas como cansaço, falta de ar, tonturas, desmaios e dor no peito que pode simular infarto. Além disso, esta doença pode causar arritmias fatais e morte súbita. Normalmente é tratada com medicamentos, mas nos casos refratários pode-se fazer esse procedimento.

Com a Embolização Septal com Ônix, explica o cardiologista, a artéria do coração que irriga o septo interventricular é ocluída e se provoca uma espécie de “infarto planejado e controlado” do músculo, ou seja, uma necrose na parte hipertrófica do coração, permitindo que ela volte a ficar mais delgada e restabeleça o fluxo normal do sangue.

O ônix é uma espécie de cola medicinal que vem se tornando uma alternativa ao uso do álcool, que era a forma tradicional de realizar a embolização, e tem como vantagem ser menos tóxico às células cardíacas e causar menos complicações durante o procedimento.

Fatores genéticos
A Cardiomiopatia Hipertrófica na forma obstrutiva é frequentemente associada a fatores genéticos e é a principal causa de morte súbita entre atletas jovens com menos de 35 anos. Segundo a literatura médica, a doença é relativamente frequente e afeta 1 a cada 500 pessoas, podendo ser assintomática.

A Embolização Septal com Ônix, procedimento minimamente invasivo, é realizada no laboratório de Hemodinâmica, onde é introduzido um cateter na artéria até alcançar o local a ser tratado. Esse acesso pode ser pela artéria da virilha ou do punho, com o paciente recebendo anestesia local, sedação leve e analgesia.

Todo o processo, explica o cardiologista, é guiado pelo cateterismo com auxílio de ecocardiograma com contraste, que vai mapeando a artéria e a devida irrigação do septo para que a embolização seja direcionada e perfeita.

O tempo do procedimento gira em torno de 60 minutos e a alta do paciente costuma ser precoce e em poucos dias.

Doença assintomática
A maioria dos pacientes não possui sintomas dessa doença e a descobre durante um check-up de rotina ou uma avaliação cardiológica para fazer academia ou praticar algum esporte competitivo.

Nos casos sintomáticos, o paciente sente angina (dor no peito), dispneia e o exame de eletrocardiograma apresenta alteração. Nem toda cardiomiopatia hipertrófica é obstrutiva e sintomática.

O tratamento, a princípio, é farmacológico. Porém, de 5% a 10% dos pacientes são refratários à terapia farmacológica. Nesses casos, há indicação de redução da massa muscular septal para alívio da obstrução.

As opções de tratamento são: cirurgia, ablação septal com substância alcoólica e a recente Embolização Septal com Ônix. No caso da cirurgia, o procedimento é complexo e muito invasivo.

Fatores de risco e prevenção
A cardiomiopatia hipertrófica geralmente está associada a fatores genéticos. Portanto, não tem como ser prevenida. Se uma pessoa tem a doença, deve-se investigar os seus parentes próximos que também podem desenvolvê-la, mesmo que não tenham nenhum sintoma.

A investigação inicial se dá com avaliação clínica, eletrocardiograma e ecocardiograma. Dependendo do caso, exames mais complexos podem ser necessários. A principal forma de evitar mortes relacionadas à doença é estabelecendo o diagnóstico, tratando adequadamente e estratificando aqueles de maior risco. Nesses casos, pode até ser necessário implantar um desfibrilador interno.

Fonte: Hospital Santa Rita de Cássia

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