Este conteúdo é de autoria de um hospital associado à Anahp

Profissionais do Hospital Marcelino Champagnat integram força-tarefa que une pesquisa e prática no tratamento da Covid-19

Resultados de estudos realizados em hospitais de Curitiba ainda durante a internação têm permitido avanços mais rápidos na rotina de assistência

Com uma doença nova e desafiadora, médicos de todo o mundo têm se visto envolvidos durante a pandemia da COVID-19 na atuação como pesquisadores, além do cuidado com pacientes. São profissionais que até então estavam focados na rotina de atendimento, mas agora se veem desafiados a buscar no estudo dos casos que atendem possíveis avanços para o tratamento de outros pacientes. É o caso do intensivista, Jarbas da Silva Motta Junior, que passou a integrar a equipe de pesquisas conduzidas pelo Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação (CEPI) do Hospital Marcelino Champagnat e Hospital Universitário Cajuru. O grupo já conta com 25 profissionais da saúde e pesquisadores dos hospitais e da PUC-PR dedicados a compreender o comportamento do novo Coronavírus e sua atuação de forma sistêmica a partir de dados coletados de pacientes internados. São dois artigos já publicados em revistas científicas internacionais e outros 10 em andamento.

Jarbas é responsável pelo convite aos pacientes para participarem da pesquisa permitindo o uso de dados dos prontuários para análise da equipe. Além disso, junto com a cirurgiã torácica Anna Flávia Ribeiro dos Santos Miggiolaro, realiza as biópsias microinvasivas de pulmão e coração de pacientes que morreram e que os familiares permitiram o estudo. “É primeira vez que participo de um grupo de estudo e estou achando a experiência fantástica. Quem atende pacientes na beira do leito nem sempre compreende como são realizadas as descobertas e agora participo de todo o processo até a aplicação prática e ágil dos resultados”, revela o intensivista.

O material coletado até agora passou por análise da médica patologista e pesquisadora da PUCPR, Lucia de Noronha, que detectou a presença de microtrombos (pequenos coágulos) e da membrana hialina, fina camada de tecido que se forma nos vasos dos pulmões dos pacientes com COVID-19. O estudo identificou a necessidade de uma ventilação mais gentil para os pacientes que estão em respiradores, além de colaborar com a avaliação da inflamação causada nos pacientes e como o uso de corticoides pode colaborar no tratamento. Já no tratamento precoce de pacientes internados com cuidados não-críticos, a fisioterapia respiratória vem melhorando a capacidade pulmonar dos pacientes e evitando o agravamento dos casos. A doença acomete de forma sistêmica o organismo dos pacientes, em especial o coração. Também integrante do grupo de estudos, a cardiologista Camila Hartmann comandou as pesquisas relacionadas aos aspectos cardiológicos dos pacientes e conta que os aprendizados têm sido conquistados em tempo real, desde o início da pandemia. “Percebemos que os pacientes apresentavam acometimento cardíaco compatível com o que estava sendo relatado nas experiências internacionais, mas precisávamos entender a fisiopatologia da doença, ou seja, como ela afeta os tecidos dos pacientes”, revela a cardiologista.

Os estudos identificaram disfunções no endotélio (camada interna dos vasos cardíacos), que predispõem à formação de microtrombos, e também alteram a permeabilidade dos vasos, causando edemas entre as células do coração, podendo ocasionar arritmia cardíaca. A longo prazo podem ocasionar fibrose cardíaca em pacientes internados ou mesmo após a alta. Os resultados dos estudos fizeram com que os pacientes internados passassem por avaliações de troponina e D-dímero, que avaliam a possibilidade de injúria do coração e dos vasos sanguíneos, favorecendo o aparecimento de eventos tromboembólicos como trombose venosa profunda, infarto, AVC, entre outros. Isso tem permitido que, ao apresentarem alterações, já seja iniciada a terapia de anticoagulação.

“A COVID-19 não tem um padrão, age e causa lesões de formas diferentes nos pacientes. Com esses estudos passamos a entender como a doença, além de causar pneumonia, passa a ser sistêmica, afetando vários órgãos do corpo, principalmente o sistema vascular, e como tratamentos propostos podem atuar em determinados pacientes. A oportunidade de estudar casos durante a internação favoreceu análises importantes e de rápida aplicação assistencial”, completa a coordenadora do CEPI, Cristina Baena. Além dos resultados já publicados, o Centro de Pesquisa conta com 16 projetos em andamento e deve iniciar um estudo de acompanhamento de pacientes pós alta.

Sobre o Hospital Marcelino Champagnat

O Hospital Marcelino Champagnat faz parte do Grupo Marista e nasceu com o compromisso de atender seus pacientes de forma completa e com princípios médicos de qualidade e segurança. É referência em procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade. Nas especialidades destacam-se: cardiologia, neurocirurgia, ortopedia e cirurgia geral e bariátrica, além de serviços diferenciados de Check-up. Planejado para atender a todos os quesitos internacionais de qualidade assistencial, é o único do Paraná certificado pela Joint Commission International (JCI).

Compartilhe

Você também pode gostar: