Novos contextos e diferentes graus de maturidade entre as organizações são desafios para a disseminação das boas práticas
A Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) promoveu, nesta terça-feira (14), o webinar “Desafios da gestão da qualidade nas organizações de saúde: aprendizados e legados da pandemia”, dentro do projeto “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais”, que, em junho, debate o tema qualidade.
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De início, a professora da EAESP/FGV e do Hospital Sírio-Libanês, Laura Schiesari, avaliou que “o mundo e as pessoas mudaram” com a Covid-19 e que a gestão da qualidade ainda tem que se adaptar às consequências disso. Para ela, houve muito aprendizado durante a emergência, mas ainda “não é possível afirmar que existe um legado” – apesar de avanços em diversas áreas, como logística, gestão de pessoas, educação profissional, entre outras. “Aprendemos bastante, mas talvez não o suficiente para mudar algumas práticas”, concluiu.
Wania Baia, diretora assistencial no Hospital Sírio-Libanês, destacou que há um “novo pensamento para os processos, para a organização e o sistema”, em que um dos pontos principais é a conclusão de que a resiliência não é um atributo pessoal e sim uma responsabilidade do sistema. “Os ambientes é que devem ser resilientes e não os profissionais individualmente, muitos deles esgotados e sofrendo com burnout”, explicou.
Maria Carolina Moreno, fundadora do Portal Qualificação, lembrou que as organizações mais maduras tiveram um desempenho bem superior durante a emergência, o que reforça a necessidade de buscar mais eficiência no compartilhamento das inovações e boas práticas. “Apenas 10% do setor atingiu altos níveis de qualidade. Temos que disseminar as informações de forma mais adequada, compatível com a realidade dessas organizações e o dia a dia das equipes”, sugeriu a especialista, lembrando que as desigualdades pelo país são imensas e que, em muitos locais, os profissionais não estão bem esclarecidos nem sobre a própria segurança. “É preciso simplificar o nosso ‘qualitês’”, resumiu Helidea Lima, diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or e coordenadora do GT Melhores Práticas Assistenciais da Anahp.
Anna Carolina Alencar, Wolters Kluwer Enfermeira Ma., Customer Success and Training Manager, completou que, além da falta de conhecimento, os profissionais de saúde também estão sendo impactados pelas fake news, fenômeno agravado com a pandemia. “Temos que reforçar a cultura da tomada de decisões a partir de evidências em todas as áreas, inclusive operacionais e administrativas”, afirmou.
Por fim, Wania Baia ressaltou que é preciso “trazer as pessoas para a mudança” e que, para isso, antes é indispensável compreender o que elas estão pensando e desejando, permitir que tomem parte nas discussões e decisões. “O que impede a alegria no trabalho é a condição sistêmica de invisibilidade dos profissionais”, finalizou.
Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O webinar “Desafios da gestão da qualidade nas organizações de saúde: aprendizados e legados da pandemia” teve a participação de Anna Carolina Alencar, Wolters Kluwer Enfermeira Ma., Customer Success and Training Manager, Laura Schiesari, professora da EAESP/FGV e do Hospital Sírio-Libanês, Maria Carolina Moreno, fundadora do Portal Qualificação, e Wania Baia, diretora assistencial no Hospital Sírio-Libanês. A moderação foi feita por Helidea Lima, diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or e coordenadora do GT Melhores Práticas Assistenciais da Anahp.
O encontro aconteceu dentro do projeto “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais”, uma série de eventos online, temáticos e gratuitos, que semanalmente reúne especialistas para debates relevantes para o setor saúde. O próximo debate da jornada de “Qualidade” está previsto para o dia 21 de junho e vai abordar “Como a saúde 4.0 está revolucionando a experiência do paciente”.