Número de fumantes caiu 28% no Brasil, mas hábito ainda é responsável por doenças e óbitos
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta – cerca de 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, entre as quais 200 milhões de mulheres, tenha o hábito de fumar. Estima-se que aproximadamente 47% dos homens e 12% das mulheres do mundo fumem. “Entre as inúmeras doenças que o tabagismo pode provocar estão câncer, enfisema pulmonar, derrame cerebral e problemas cardiovasculares”, alerta o cardiologista do Hospital VITA Batel Mario Sergio Cerci. Segundo o médico, no Brasil, cerca de 200 mil mortes/ano são decorrentes do tabagismo.
Pesquisa do Ministério da Saúde revelou que nos últimos oito anos o número de fumantes no Brasil teve uma redução de 28%. Segundo estudo Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), em 2006, 15,7% da população era fumante. Em 2013, o porcentual caiu para 11,3%.
A parcela da população que fumava em 2012 era de 12,1% passando para 11,3% em 2013, sendo que, enquanto 14,4% dos homens são fumantes, o porcentual entre o sexo feminino é de 8,6%.
Doenças cardíacas – A vinculação entre o tabagismo e a doença cardiovascular tem sido demonstrada em várias regiões do mundo. Segundo Cerci, o Estudo dos Sete Países (EUA, Finlândia, Holanda, Itália, Croácia, Sérvia, Grécia e Japão) realizado em homens entre 40 e 59 anos, mostrou que, após 25 anos, 57,7% das pessoas que fumavam 30 cigarros por dia morreram, comparado com apenas 36,3% dos não fumantes. A doença cardiovascular é a primeira causa de morbidade e mortalidade, em ambos os sexos no Brasil e no mundo, e o fator etiológico básico é a lesão aterosclerótica, e o tabagismo é um dos principais fatores.
A nicotina contida no cigarro é a droga psicoativa que mais causa dependência, elevando o ritmo cardíaco e a pressão arterial. “O hábito de fumar é responsável por mais mortes do que todas as outras drogas psicoativas juntas”, destaca o cardiologista.
Tratamento – Hoje existe medicamento específico para tratar o tabagismo, como o de medicamentos (adesivos e chicletes) que contêm nicotina, e a ingestão da substância vareniclina, que é competidora da nicotina e adere ao receptor da mesma forma, impedindo a ação da mesma e diminuindo o grau de dependência do fumo com o seu uso. Os efeitos nocivos do fumo são causados pelas substâncias nocivas como o alcatrão e a nicotina. Esta última é absorvida pelo organismo, chegando rapidamente ao sistema nervoso central, agindo como estimulante.
A fumaça ambiental dos cigarros também é responsável por causar danos à saúde, principalmente em asmáticos, crianças e adultos com tendência às doenças cardíacas. A poluição da fumaça contribui para a concentração e exposição de partículas cujos componentes químicos são tóxicos ou cancerígenos, comprometendo significativamente a qualidade do ar.
Cigarro eletrônico – “O produto não tem função terapêutica e seu uso não é uma forma eficaz de se livrar da dependência da nicotina, já que também possui substâncias nocivas à saúde”, alerta Cerci. Segundo o médico, quando o uso do cigarro eletrônico é interrompido, o paciente pode apresentar os mesmos sintomas da síndrome de abstinência provocados pela privação do cigarro convencional.
Fonte: Hospital VITA – 27.08.2014