Grupos de Trabalho da Anahp convidam Advisory Board para discutir os caminhos da Saúde Baseada em Valor

As práticas e os conceitos que fazem parte de um modelo de saúde baseado em valor estão em constante discussão e têm se tornado tema frequente de ações realizadas pela Anahp e seus associados, devido sua relevância. Esta foi a vez dos Grupos de Trabalho Melhores Práticas Assistenciais e Organização Assistencial encabeçarem um encontro com a programação totalmente voltada para esse assunto, com dois convidados especiais: Márcia Makdisse, diretora de Transformação da Qualirede, e o diretor sênior na Advisory Board, Daniel Delaferrera. O evento aconteceu no auditório da Anahp, em 11 de março.

Márcia abriu a programação e falou sobre a importância de alinhar alguns conceitos que estão embaixo do guarda-chuva da Saúde Baseada em Valor (VBHC) para, então, poder colocar em prática as ideias disseminadas neste novo modelo. Segundo a médica, para propor um projeto eficiente é preciso ter todos os conceitos claros para saber quais as ferramentas certas para a implementação, a começar do que significa a VBHC em si.

Quando falo em saúde baseada em valor estou, na verdade, falando dos serviços prestados e a assistência que nós damos para manter ou recuperar a saúde de alguém. Mas o valor que eu estou entregando só é tangibilizado na forma dos resultados clínicos que importam para o paciente”, explicou. “Podemos até criar portas, como melhorar a qualidade e a segurança, mas se não mudarmos a lógica do sistema os prestadores desse serviço não conseguirão fazer esse trabalho sozinhos.”

Para as coordenadoras do GT Melhores Práticas Assistenciais, Camila Succi, gerente médica do Hospital Santa Paula, e Priscila Rosseto, gerente executiva de Qualidade e Segurança da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, estabelecer um diálogo eficiente entre os stakeholders do setor é primordial para o avanço da reestruturação do sistema. “A indústria, os convênios, os hospitais e a saúde primária precisam sentar na mesma mesa e conversar para que todas as ideias saiam do papel”, declarou Camila. E Priscila completou: “Enquanto ficarmos medindo esforços, com times que trabalham separadamente a experiência, o valor e a assistência, não chegaremos em uma equação comum.”

Delaferrera, que compartilhou três cases internacionais – VBHC aplicado em hospitais na Espanha, Estados Unidos e no País de Gales, chamou a atenção para a importância do hospital e os profissionais que fazem parte dessa cadeia saberem se reinventar e treinarem seu olhar para conseguir enxergar além do atendimento médico dentro do ambiente hospitalar. “Somos treinados para entender sobre tudo o que acontece do lado de dentro das paredes dos hospitais e, enquanto não destruirmos essas paredes para enxergar a vida do paciente como um todo, não vamos entregar valor”, afirmou o pesquisador.

Para ele, os modelos de sucesso em VBHC ainda não são plenamente replicados especialmente por dois motivos: o primeiro Delaferrera chamou de “incentivos reversos”, que é quando comportamentos considerados disfuncionais para a saúde são recompensados, como, por exemplo, o hospital acreditar que vai ter mais receita com um leito ocupado por mais dias ou quando o paciente retorna. E o segundo é a falta de proatividade dos atores desse sistema: “As pessoas estão esperando que outras comecem a mudança, que a seguradora mude o modo de remuneração, que o médico mude de comportamento. Mas a responsabilidade é de todos nós e, se não fizermos o que deve ser feito, nada vai acontecer”, declarou.

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