“Pandemia evidenciou fragilidades do sistema de saúde brasileiro”, afirma ex-ministro Nelson Teich

Falta de gestão de informações de saúde evidenciam despreparo do Brasil para lidar com crises que ainda possam surgir, concordam especialistas que participaram do Conahp2021.

A pandemia trouxe para todo o setor de saúde enorme incerteza e medo do futuro. Um dos desafios foi pensar em gestão nesse cenário de grande imprevisibilidade e com todos os agentes desconcertados diante do desconhecimento da progressão da doença, os caminhos de enfrentamento e o futuro da evolução do vírus. Nesse contexto, a palestra “Gestão em tempos de incerteza e desconhecimento e a capacidade de colaboração entre os setores públicos e privados” envolveu o ex-ministro da Saúde Nelson Teich e Gonzalo Vecina, médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – FSP/USP numa discussão sobre os possíveis rumos dessa relação. Quem mediou a palestra foi Henrique Neves, vice-presidente do Conselho de Administração da Anahp e diretor geral do Hospital Israelita Albert Einstein.

A pandemia trouxe um ambiente de desconhecimento. E o melhor antídoto para se preparar para um cenário de incertezas é a informação. Para o ex-ministro Nelson Teich “o Brasil não aprendeu com a Covid e continua despreparado como nos níveis do começo da pandemia”, afirma Teich. Segundo ele, se não melhoramos fluxos e processos, o sistema não estará preparado para futuros desafios e o sistema precisa ser eficiente para todos.

O ministro reiterou que a mesma ineficiência que temos em relação à Covid, também existe em relação à outras doenças, mas nós não nos incomodamos tanto quanto deveríamos. Uma saída proposta, seria a formação de gestores na área da saúde capazes de administrar bons financiamentos, operações e entregas. “Precisamos de um programa de informação para o país forte. Precisamos de mapeamentos eficazes que ajudem nas operações. Nosso recurso financeiro é baixo, por isso precisamos de gestão eficiente”, disse Teich. Segundo dados trazidos pelo ex-ministro, enquanto os Estados Unidos, no ano passado, gastaram o equivalente a R$ 67 mil por pessoa em um ano, no Brasil, o gasto foi de R$ 1.900, o que nos deixa longe das cifras dos países desenvolvidos e fazendo imperativa uma gestão de Saúde eficiente.

Gonzalo Vecina somou ao comentário de Teich a percepção de ineficiência na gestão de informações de Saúde, mas também criticou o posicionamento do governo, segundo ele, além de não informar, desinformava. “Nossa liderança caminhou na direção oposta. Negou-se até a importância do isolamento social e uso de máscara”, criticou.

Vecina entende que uma boa relação das esferas público e privada pode gerar um espaço de cooperação e troca de informações eficiente. “As crises são cíclicas. Temos que guardar conhecimentos para usar na próxima que está por vir.”, alertou o professor.

Ainda segundo Vecina, informação é essencial para gestão de um sistema de saúde complexo como o brasileiro e a regulação na relação entre setores privados e estado podem gerar uma ação combinada eficaz para o setor de saúde.

Serviço:

Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp 2021)
Tema: Saúde 2030: Desafios e Perspectivas
Data: 18 a 22 de outubro
Inscrições: https://conahp.org.br/2021/

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