O mundo gastará US$ 10 trilhões por ano com saúde suplementar até 2022

Somente na América Latina, o custo deve saltar para US$ 417 bilhões nos próximos três anos

O gasto mundial com saúde deve crescer 5,4% ao ano até 2022, duplicando a expectativa de gastos prevista pelo setor. O dado foi divulgado durante o Conahp (Congresso Nacional dos Hospitais Privados) pelo economista especializado em saúde do The World Bank, André Medici. O evento organizado pela Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) aconteceu em São Paulo e trouxe mais de 80 palestrantes que debateram várias frentes que envolvem o mercado de saúde suplementar.

Somente na América Latina, segundo o economista, em 2022 gastará US$ 417 bilhões com saúde. “Isso se dá por vários motivos, que vão desde a valorização do euro e do dólar na economia global, mas leva em consideração o envelhecimento da população, o investimento em novos tratamentos e tecnologias e o aumento do custo de mão de obra”, explica Médici.

A solução já é debatida há algum tempo pelo setor, apontado a saúde baseada em valor como uma mudança mais do que necessária. Com cuidados mais focados no paciente, a melhora da saúde acaba gerando redução desse custo.

“Focar no resultado do paciente é a meta daqui para frente. Temos que ter um ciclo contínuo de melhorias, buscar dados sobre resultados, avaliar variações de custo, identificar melhores estratégias e consolidar inovações. Mas essa é uma questão que só começa no Brasil”, afirma.

Os maiores desafios são básicos. A ausência de uma base de dados e a padronização dessa informação é o primeiro deles. Não há no Brasil uma interoperabilidade dos sistemas. Além disso, há a incerteza do cenário econômico mundial, e principalmente brasileiro, somada ao custo dos tratamentos que só aumentam. “Os primeiros passos incluem o investimento em tecnologia, mas também recrutar, desenvolver e reter novos talentos nas organizações. Mas não é só treinamento, é necessária uma mudança de cultura”.

De acordo com Médici, a saúde baseada em valor exige novos conceitos e reinvenção de processos e formas de mensurar os custos. Trabalhar com prevenção é um desses pontos, afinal, tratar episódios é mais caro do que prevenir e evitar que o paciente chegue ao hospital.

A Suécia é o exemplo de maior sucesso até agora, segundo o economista. Pioneira na adoção do modelo baseado em valor, lá há uma descentralização hospitalar. “Não há necessidade de o hospital ter laboratórios especializados, salas de emergência, assistência farmacêutica, e outras atividades que podem ser feitas fora do ambiente do hospital, mas que ainda pode ser coordenadas por ele”.

Na prática, um hospital geral com uma rede de atenção primária, saúde comunitária e o foco personalizado no paciente, levando em consideração toda sua jornada dentro e fora do centro hospitalar, são algumas medidas indicadas pelo economista.

“A transição de modelos leva entre 10 e 15 anos para se estabilizar, são muitos desafios, mas temos que colocar em prática rapidamente”, enfatiza Médici.

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