Desafios estruturais, conjunturais e comportamentais estão no caminho da gestão da saúde da população

Empresas, beneficiários e provedores são corresponsáveis na busca por um sistema menos custoso e mais eficiente.

Custos que crescem a cada ano, um sistema que necessita de mudanças e investimentos, beneficiários que não têm tratamento preventivo. O retrato atual do sistema de saúde brasileiro não é o ideal e discussões sobre o tema podem trazer soluções no cenário atual de incertezas. “Saúde é uma batalha que temos que ganhar”, disse a professora titular da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Ana Maria Malik, que foi moderadora da palestra “Os desafios da gestão de saúde populacional”, realizada no Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp). A mesa, que também contou com Georgia Antony, especialista em Desenvolvimento Industrial do SESI, João Alceu, presidente da FenaSaúde e Martha Oliveira, diretora-executiva do Laços Saúde e Designing Saúde, colocou em discussão os complexos desafios enfrentados pelo brasileiro no acesso a saúde.

O presidente da FenaSaúde elegeu um ranking dos principais problemas enfrentados pela população brasileira no quesito saúde. “Contextualizo em três grandes grupos. O primeiro é das questões estruturais, falta de saneamento básico, água potável, energia e gás, educação de qualidade, habitação e desemprego. Depois, temos os desafios conjunturais, como a falta de informatização do SUS e a padronização dos prontuários eletrônicos. Por último, os desafios comportamentais, que são muito complicados, como o sedentarismo, tabagismo, abuso de álcool e hábitos alimentares dos beneficiários”, diz José Alceu.

Entre o sistema e o beneficiado, há também as empresas que arcam com muitos desses custos. Segundo dados apresentados por Georgia Antony, no Brasil, 56% do gasto com saúde vem de empresas privadas, isto é, com planos de saúde para seus funcionários e dependentes. “Quase 7 em cada 10 brasileiros têm plano de saúde por causa da empresa na qual trabalha”, revela. E esse gasto só aumenta, segundo a especialista, desde 2017 ele representa até 5 vezes o valor da inflação. Ela afirma ainda que, no Brasil, é perfeitamente possível que uma empresa que fabrique pneu gaste mais com plano de saúde de funcionários do que com borracha, por exemplo. Em concordância com o José Alceu, uma das prioridades apontadas pela especialista é a necessidade de informação.

Para Martha Oliveira, diretora-executiva do Laços Saúde e Designing Saúde, nós estamos passando por um processo de transição, que já deveríamos ter passado. “A batalha é que essa transição ocorra de forma melhor e progressiva. Dentro da saúde suplementar se eu pudesse hoje mudar uma única coisa, faria a coordenação de cuidado. Não fizemos transição do sistema de saúde, ele é exatamente o mesmo da década de 60, então formamos as pessoas da mesma forma, cuidamos da mesma forma. O que vem aí é um monte de tecnologia que a gente ainda não se apropriou, mas que fará uma quebra nisso, estamos falando de não cuidar da doença, mas cuidar do indivíduo”, afirma.

Os palestrantes concordaram que é preciso começar por soluções simples e que podem ter resultados grandes, como coordenar o cuidado nos atendimentos feitos no Brasil e estimular vínculos entre médicos e pacientes. Uma outra solução proposta foi a organização da entrada e saída de dados de forma eficiente em um sistema robusto de saúde no qual os envolvidos em cada parte do tratamento possam ter acesso.

Serviço:

Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp 2021)
Tema: Saúde 2030: Desafios e Perspectivas
Data: 18 a 22 de outubro
Inscrições: https://conahp.org.br/2021/

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